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Bolsistas temem cortes em programa de formação de professores

Janaina Ribeiro estuda química na UnB e é bolsista do Pibid  - Arquivo pessoal
Janaina Ribeiro estuda química na UnB e é bolsista do Pibid Imagem: Arquivo pessoal

Jéssica Nascimento

Do UOL, em Brasília

25/06/2015 14h19Atualizada em 26/06/2015 12h02

Após o anúncio de redução dos repasses para as universidades federais e do freio em programas como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), o Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) também pode sofrer cortes. Os noventa mil alunos que participam do projeto em todo país temem a suspensão das bolsas e a página no Facebook “FicaPibid” já foi curtida por mais de 9.400 pessoas.

A informação foi enviada por e-mail na última sexta-feira (19) pelo coordenador geral de Programas de Valorização do Magistério da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Hélder Silveira. O conteúdo foi encaminhado para docentes ligados ao programa.

“Sempre tento ser portador de boas notícias, mas nem sempre conseguirei sê-lo. Todos têm acompanhado o ajuste fiscal que o Governo Federal tem realizado no ano de 2015. Isso implica em cortes orçamentários e em retrações nas ações de todos os setores. A Capes não fugiu à regra. O corte imposto à agência foi da ordem de 785 milhões de reais. Ainda não sabemos o valor exato do corte que será aplicado à Diretoria de Formação de Professores da Educação Básica (DEB)”, diz um trecho da mensagem.

Apesar do e-mail, a Capes informou que nenhum bolsista do Pibid que está no sistema de pagamento da coordenação terá sua bolsa suspensa. O órgão também ressalta que está se adequando ao limite orçamentário que lhe foi estabelecido e que não haverá interrupção de programas em funcionamento.

A Capes também informou que todos os comunicados são divulgados pela direção do órgão, “não sendo autorizado o envio de mensagem de caráter oficial por servidores”.

Revolta entre alunos

Janaina Ribeiro, 23, e Luiza Oliveira, 21, estudam química na UnB (Universidade de Brasília) e são bolsistas do programa. “O Pibid é uma iniciação à docência. Participamos de todo o ambiente escolar, desde coordenação até planejamento de aulas e oficinas. Não quero que o projeto acabe, pois ele é lindo e riquíssimo em experiência”, explica Luíza.

Janaína também recebeu a notícia do possível corte com pesar e revolta. Desde então, ela não teve contato com alunos, chamados carinhosamente de “meus meninos”. “Somos um suporte para eles em sala, sempre nos procuram na hora do intervalo para tirar dúvidas da matéria. A redução será uma grande perda não só para nós bolsistas, mas também para os estudantes”.

Segundo Hélder Silveira, além do Pibid, outros 11 projetos também serão reduzidos, como Olimpíadas de Matemática e também mostras científicas. “O que sabemos, de fato, é que os cortes virão e serão agressivos, implicando na interrupção imediata – parcial ou total – de programas como o Pibid, o Pibid Diversidade e o Parfor e inclusive, na concessão de bolsas que estão em vigência, a partir de julho de 2015”.

#FicaPibid

Cartazes com frases “FicaPibid” e “Pátria educadora para quem?” foram divulgados por alunos de todo o país nas redes sociais. Um abaixo assinado também está sendo promovido por alunos e docentes da UnB.  De acordo com Ricardo Gauche, coordenador do Pibid na universidade, alunos e professores estão preocupados com o possível corte no programa.

“O Pibid foi o primeiro e é único no enfrentamento do desafio de formar mais e melhores professores para a educação básica no Brasil”.

O estudante de dança Leonardo Dourado também está preocupado. Segundo ele, o projeto facilita o diálogo entre os alunos da graduação e a comunidade escolar. “O Pibid possibilita experiências que vão além dos estágios obrigatórios”.

Alunos do Instituto Federal do Ceará protestam contra possível cortes no programa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Alunos do Instituto Federal do Ceará protestam contra possível cortes no programa
Imagem: Arquivo pessoal