Ativistas lançam campanha em prol do debate de gênero na educação
Frases que contam casos de machismo, homofobia e transfobia entre os muros da escola compõem a campanha lançada no Facebook pelo Coletivo LGBT Cores, que surgiu no início de 2014 em Campinas e Limeira, no interior de São Paulo. Intitulada "Nós precisamos do debate de gênero nas escolas", a campanha traz fotos de membros do coletivo e outros ativistas que seguram cartazes em que denunciam a violência psicológica vivida por mulheres e LGBTs (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis) no cotidiano das salas de aula.
A campanha, que já foi compartilhada por mais de 13 mil pessoas, é uma resposta à retirada da questão de gênero dos planos de educação de diversos Estados e municípios.
Durante a tramitação no Congresso Nacional, em 2014, do PNE (Plano Nacional de Educação), que dita as diretrizes e metas da educação para os próximos dez anos, a questão de gênero causou polêmica e foi retirada do texto. Ficou, então, a cargo dos Estados e Municípios inserir as metas, mas diversas câmaras municipais e assembleias legislativas, sob pressão de setores conservadores, vetaram a inclusão do tema.
“Em Campinas e Limeira, foram propostas emendas a Lei Orgânica dos municípios para que fosse proibido qualquer projeto propondo a discussão de gênero e sexualidade nas escolas”, relata Dilan Carli, estudante de engenharia ambiental na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), um dos organizadores da campanha e integrante do coletivo Cores, inicialmente formado por estudantes da Unicamp e hoje composto também por estudantes secundaristas e membros da sociedade.
“A ‘emenda da opressão’, como chamamos, foi o que nos moveu a começarmos a campanha, porque o debate é essencial na sociedade e a proibição vai na contramão dele”, opina.
Na opinião do membro do coletivo, a confusão acerca da palavra "gênero" deu-se por conta da disseminação de desinformação que criou o fantasma da “ideologia de gênero”. “O movimento LGBT pauta o debate de gênero. Já a ‘ideologia de gênero’ nós vivenciamos hoje com o ‘azul e carro são pra meninos e rosa e boneca são para meninas’, que determina o que representa determinado gênero, quando na verdade é algo que se constrói socialmente”, afirma.
Segundo ele, a escola, para muitos, é um ambiente extremamente hostil. “As travestis e transexuais no Brasil, em maioria esmagadora, não conseguem terminar o ensino médio porque a opressão e o preconceito, muitas vezes concretizados em agressões, as expulsam da escola”, exemplifica Carli. “A forma como essa pessoa se vê, vê o seu corpo, não importando o gênero, deve ser respeitado e a escola deveria promover isso”, ressalta.
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