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Dia do Saci e Halloween convivem em escola de São Paulo

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Imagem: Divulgação

Hugo Araújo

Do UOL, em São Paulo

31/10/2015 05h00

No dia 31 de outubro, algumas escolas brasileiras celebram o Halloween, o dia das bruxas. A data tem origem na cultura celta e, segundo ela, marcaria o período no qual é possível entrar em contato com o mundo dos mortos. A festa é popular nos Estados Unidos, e acabou “importada” por outros países principalmente por meio de filmes de terror e programas televisivos. No entanto, como trabalhar um tema tão distante da nossa cultura nas escolas?

A professora de inglês Carmen Maria Hester, do Colégio Rio Branco, conta que trabalha o Halloween há mais de 20 anos na sala de aula. “Por incrível que pareça a identificação [dos estudantes] existe naturalmente”, afirma. “A cultura americana é muito presente no dia a dia de nossas crianças. E, no caso específico do Halloween, ele é muito divulgado pela mídia e pelos canais abertos de televisão por meio de filmes e desenhos. Logo, existe uma familiaridade com o tema. Não dá para desvincular o ensino de um idioma de sua cultura”, explica.

Segundo Carmen, o trabalho não favorece uma “americanização” – ou seja, o domínio da cultura dos Estados Unidos sobre a do Brasil – porque propõe, antes de tudo, o fortalecimento da nossa identidade cultural, para aí lidarmos com a estrangeira, estabelecendo paralelos e, principalmente, uma posição de respeito diante do diferente.

“Fortalecemos nossa identidade ao nos relacionarmos com o outro que é diferente, pois adquirimos maior consciência de nós mesmos. E este é um dos papéis da escola. Promover e valorizar a diversidade, para desenvolver em nossos alunos uma atitude mais consciente, respeitosa e mais democrática”, explica Carmen.

Dia do Saci

O Estado de São Paulo instituiu no dia 31 de outubro o dia do Saci, um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro, com o objetivo de valorizar a cultura e folclore nacionais. “As diferentes manifestações cultuais devem conviver. A escola como um pequeno microcosmo da nossa realidade deve ser um espaço para que os alunos desenvolvam competências interculturais”, afirma Carmen.

A professora conta que trouxe o Saci para a festa de Halloween e estimulou que os alunos fizessem comparações entre o folclore do Brasil e dos Estados Unidos. “Distinguir semelhanças e diferenças culturais amplia o olhar do aluno e o ajuda a estabelecer relações sob uma ótica humanista”, explica. “Este é o mundo [multicultural] em que nossos alunos vivem e irão crescer”, conclui.