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Meu filho já chorou dizendo que não quer mudar de escola, diz mãe de aluno

Jacinta e sua filha Mykaelly na escola Mary Moraes - Bruna Souza Cruz/UOL
Jacinta e sua filha Mykaelly na escola Mary Moraes Imagem: Bruna Souza Cruz/UOL

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

19/11/2015 14h00

Jacinta Maria da Silva, 31, tem dois filhos matriculados na Escola Estadual Mary Moraes, no Morumbi, zona oeste de São Paulo, e está com medo do futuro escolar do filho mais novo. A unidade em que as crianças estudam trabalha com alunos dos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) e será fechada, de acordo com o plano de reorganização da rede pública de ensino.

A mais velha tem 11 anos e sairá do colégio no ano que vem, porém o irmão de 9 anos ainda está no 3º ano.

“Meu filho não quer mudar de escola. Ele adora aqui. Ele já chorou tanto por isso. Eu também não quero que feche. A escola é ótima e tem professores muito bons. Conheço mães que tiraram os filhos das escolas particulares para matricular aqui”, afirmou Jacinta.

Além do medo da adaptação do filho na nova escola – possivelmente o colégio Professora Neyde Apparecida Sollitto, a mãe teme a superlotação das salas de aula. “Só a turma dele já tem uns 35 alunos. E lá eles já possuem turmas de ensino fundamental. Só quero ver quando juntarem todo mundo. Acho que isso não é reorganização”, disse. Segundo a Secretaria de Educação,  "serão preservados os módulos por sala: 30 [alunos por sala] para o ciclo 1 do fundamental, 35 para o ciclo 2 e 40 para o ensino médio".

“Minha filha mais velha já estudou no Sollito e não aguentou ficar lá. Todo dia ela reclamava que a escola era ruim. Aí ela mudou para cá e adorou”, acrescentou.

Segundo Mykaelly da Silva, filha de Jacinta, a estrutura e os professores da Mary Moraes são melhores. “Eu gosto mais daqui. Não quero que a escola feche”, disse a aluna do 5º ano do ensino fundamental.

Ocupação de pais

No sábado (14) a Secretaria de Educação realizou o “Dia E” com o objetivo de prestar esclarecimentos sobre a reorganização escolar. Aproveitando que muitas pessoas estavam presentes na escola Mary Moraes, um grupo de pais de alunos decidiu ocupar o local contra as mudanças na rede e, principalmente, contra as transferências de alunos para outra escola. A iniciativa destoou da maioria das outras ocupações, encabeçada por estudantes.

“Nossos filhos são pequenos, mas têm o direito de ficar na escola que gostam. Nós, como responsáveis, temos o direito de lutar por eles”, declarou Joelma Badu, mãe de uma aluna do segundo ano do ensino fundamental.

De acordo ela, a ocupação foi tranquila e os pais tiveram apoio de integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Representantes dos três grupos se revezam nas atividades da ocupação, como alimentação, limpeza e segurança (controle da entrada e saída de pessoas da escola).

“Nossa escola já está reorganizada. Ela possui ciclo único, tem sala de vídeo, informática, biblioteca. Ela é linda. A Sollito está em ruínas. Não quero minha filha lá”, ressaltou.