Professores do Rio decidem continuar greve que já dura três meses
Os professores do Rio de Janeiro decidiram na manhã desta quarta-feira (8), continuar com a maior greve já realizada pela categoria na rede estadual. Sem avanço nas negociações com o governo do Estado, os docentes chegaram a 98 dias de paralisação, superando os 90 dias da greve de 1989.
Após a assembleia realizada na quadra da escola de samba São Clemente, os grevistas fizeram uma manifestação pelo centro da cidade e ocuparam a escadaria da Assembleia Legislativa do Rio no fim da tarde.
Não houve confronto apesar da tensão entre manifestantes mascarados e o forte aparato policial que acompanhou o ato. A Polícia Militar chegou a retirar adolescentes que usavam máscaras e ocuparam por alguns minutos uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, no centro. Os agentes também revistaram a mochila de um professor, o que provocou reação dos manifestantes - ele acabou liberado após o bate-boca.
Os grevistas caminharam até a Assembleia Legislativa do Rio para pressionar os deputados estaduais a tomarem partido em favor dos professores. Eles foram recebidos pelos integrantes da Comissão de Educação.
Na terça-feira (7), o comando de greve participou de uma reunião no Palácio da Guanabara, sede do governo estadual. O secretário de Educação, Wagner Victer, o secretário de Governo, Afonso Monerat, e pelo líder do governo na Assembleia Legislativa do Rio, deputado Edson Albertassi (PMDB), estiveram no encontro. Não houve acordo.
A categoria pede reajuste salarial de 30%, jornada de 30 horas semanais para os funcionários da área administrativa,cumprimento de uma lei estadual que estabelece aumento para os servidores com cursos de pós-graduação, destinação de um terço da carga horária de trabalho para atividades de planejamento e a volta da data de pagamento para o segundo dia útil do mês, como era até dezembro do ano passado.
O principal impasse é a falta de contraproposta do governo estadual para a reivindicação de reajuste de 30% nos salários. O Sepe-RJ alega que a categoria não recebe aumento desde 2014. "Na verdade, esse percentual é apenas reposição de perdas para a inflação no período", disse o coordenador geral do sindicato, Marcelo Santana.
O governo justificou que não dará qualquer aumento neste ano devido a grave crise financeira que o Estado passa, segundo os grevistas. Outra demanda da categoria que foi negada é a alteração da data de pagamento, atualmente fixada no décimo dia útil do mês. "Desde o fim do ano passado essa data foi alterada três vezes e os servidores estão com as contas atrasadas até hoje", afirmou o coordenador geral do sindicato, Marcelo Santana.
Os grevistas também discordaram do governo em relação a exigências de término da greve para atender outras duas demandas: a redução da carga horária dos funcionários administrativos de 40 horas para 30 horas semanais e o pagamento do enquadramento por formação, que é uma progressão na carreira quando o profissional faz cursos de especialização, mestrado ou doutorado.
O único avanço foi em relação ao pedido de um terço da carga horária dos professores para atividades extraclasse, como planejamento e estudo dos professores. O governo aceitou aplicar a medida de forma escalonada, entre 2017 e 2019. Procurada, a Seeduc não respondeu aos questionamentos sobre as negociações e a continuidade da greve.
Na assembleia dos professores, a categoria colocou em discussão a participação em dois atos nos próximos dias, ambos contra o governo interino do presidente Michel Temer (PMDB). Os grevistas optaram por aderir ao Dia Nacional de Lutas, a ser realizado no dia 16 de junho pelo Conlutas, contra Temer e a também contrario a volta da presidente afastada Dilma Rousseff (PT).
A outra proposta era que os grevistas se juntassem à manifestação marcada para 10 de junho, no Dia Nacional de Mobilização, organizado pelos coletivos Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular, que defende o retorno de Dilma ao poder.
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