Grupo de alunos da UFPB causa polêmica ao usar termo 'dopasmina'
Alunos de uma turma do curso de medicina da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) causaram polêmica nas redes sociais após a postagem de uma foto contendo o termo ‘dopasmina’. Nessa quarta-feira (17), entidades ligadas aos direitos humanos e aos direitos das mulheres assinaram uma nota de repúdio à atitude dos estudantes. Em protesto, os cartazes foram alterados de ‘dopasmina’ para ‘respeitasmina’ e ‘juntasmina’.
O termo ‘dopasmina’ é um trocadilho para dopamina, neurotransmissor responsável pelas emoções e movimentos. Segundo o Coletivo Nise da Silveira, o trocadilho “é um termo bastante utilizado pelos estudantes de medicina de todo o país ao nomear festas e eventos onde ocorrem diversas tentativas e abusos sexuais às mulheres”. O uso da palavra, segundo a nota, é um incentivo ao machismo. A reportagem ligou para a coordenação do curso de medicina da UFPB, mas a pessoa que atendeu informou que o responsável não estava presente e que ninguém estava autorizado a comentar o assunto.
A nota de repúdio também critica a atitude dos estudantes no que se refere ao tratamento com as alunas do curso, as quais teriam reclamado do uso do termo. “É notável a falta de empatia da turma com diversas vítimas e também com as colegas que, mais uma vez, se encontram à mercê do machismo e da cultura do estupro”, afirmou a nota.
O Coletivo Nise da Silveira também destacou que “atitudes de apologia ao estupro mancham o nome do curso e da universidade a que a turma está vinculada, prejudicando diversos alunos de ambos os sexos e professores”.
Também por meio de nota divulgada ontem, estudantes explicaram que o termo ‘dopasmina’ teria sido escolhido, por votação, desde o primeiro período do curso de medicina, em referência ao neurotransmissor dopamina. “Em nenhum momento a idealização do nome teve interesse pejorativo ou de caráter degradante, tampouco a intenção de fazer apologia ao estupro ou de desrespeitar as mulheres”, destacou a nota. O uniforme com o termo "dopasmina" estaria em desuso há mais de um ano e só teria sido resgatado por ocasião de um campeonato, defendeu o grupo.
A nota é assinada como ‘turma 99 – medicina UFPB’. O documento teria sido entregue ao diretor do Centro de Ciências Médicas, Eduardo Sérgio Sousa, conforme mostra a foto divulgada na página da turma no Facebook.
Outro caso
No mês passado, também na UFPB, a Comissão de Direitos Humanos abriu sindicância para investigar um trote feito por alunos do curso de engenharia química, que teriam obrigado estudantes novatas a usarem uma placa com a frase ‘miss estupra’.
O caso também gerou grande repercussão nas redes sociais, despertando a comunidade acadêmica para a discussão acerca da cultura do estupro.
O assunto permeia discussões em outras universidades do país, a exemplo da Universidade de São Paulo (USP), onde casos de estupro, envolvendo alunos de medicina, são investigados desde o ano passado.
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