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Mudanças no Enem serão boas para os alunos? Especialistas respondem

Ana Carla Bermúdez e Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

09/03/2017 19h04

Para professores e especialistas em educação ouvidos pelo UOL, as principais mudanças no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) anunciadas nesta quarta (9) não surpreenderam e nem devem afetar negativamente os candidatos que pretendem fazer a prova neste ano.

Entre as alterações, o destaque é a aplicação do exame em dois domingos ao invés de em um só fim de semana. “Isso suaviza para o aluno. Ele tem condições de ir mais descansado para a prova, dá mais oportunidade para que ele consiga terminar todas as questões”, afirma Vera Lúcia da Costa Antunes, professora e coordenadora do Curso e Colégio Objetivo.

Priscila Cruz, fundadora e presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação, destaca que essa é “uma demanda dos próprios alunos”. “Eles mesmos acham que isso é positivo. O mais importante do Enem é o ingresso no ensino superior. Por isso, são dois dias muito determinantes no futuro desses jovens. Você fazer dois dias colados é um risco muito grande”, afirma Priscila, mencionando que esse respiro entre as provas pode servir tanto para que o aluno se recupere de uma doença como para desestressar.

Humanas x exatas

Outra mudança anunciada pelo MEC (Ministério da Educação) é a redistribuição das provas em relação aos dias. Antes aplicada no segundo dia do Enem, a redação passará a ser realizada no primeiro dia do exame, juntamente com as provas de linguagem, código e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias. No segundo dia, serão feitas as provas de matemática e ciências da natureza e suas tecnologias.

Para Priscila, ainda não é possível dizer se isso será um benefício para os candidatos. “Na prova que vai juntar ciências da natureza e matemática, por exemplo, você tem o excesso de áreas de conhecimento mais afins. Apesar de ter um pouco de interpretação também, são cálculos matemáticos o dia inteiro”, afirma.

Já a professora Vera reflete sobre possíveis consequências para a redação. “Talvez, sendo um dia só de humanas, o candidato tenha a chance de fazer uma redação com mais cuidado”, diz.

Proposta antiga

Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), afirma que a proposta de aplicar o Enem em dois domingos já era uma ideia antiga.

Em 2009, quando ele conduziu a reformulação da prova para os moldes conhecidos atualmente, a pasta seguiu o conselho das instituições que aplicariam a prova, devido à questão logística. Assim, as provas seriam levadas de uma única vez para os locais e a segurança do transporte também seria mobilizada especificamente para este período.

“A proposta inicial do Inep [em 2009] era fazer o Enem em dois domingos também. A decisão de ser num único fim de semana foi tomada por uma decisão logística”, explica.

Na prática, ele também acredita que essa alteração não afetará os candidatos. “Não vai mudar a concepção da prova. Não vejo muita mudança”, afirma.