Topo

Fuga ao tema zera 6,4 vezes mais redações no Enem 2017, diz MEC

Luiz Cláudio Barbosa/Código19/Estadão Conteúdo
Imagem: Luiz Cláudio Barbosa/Código19/Estadão Conteúdo

Mirthyani Bezerra e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

18/01/2018 11h53Atualizada em 18/01/2018 13h11

Das mais de 4,7 milhões de redações corrigidas no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2017, 6,5% receberam nota zero, ou seja, cerca de 309 mil dos textos. Dentre os motivos, destacou-se o aumento de redações que fugiram ao tema. Em 2016, 0,78% delas apresentaram o problema, e agora esse número cresceu para 5,01%, um aumento de 6,4 vezes. Em 2017, foram corrigidas 1,3 milhão de redações a menos que em 2016.

A correção da redação feita pelos avaliadores estará disponível aos candidatos a partir desta sexta (19) na página do participante.

A divulgação das notas máximas e mínimas foi feita na manhã desta quinta-feira (18) pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) antes da liberação do acesso dos participantes às suas notas individuais.

Leia também:

Enquanto o número de redações com nota zero aumentou -- em 2016, 4,84% foram zeradas --, o número de redações nota mil diminuiu relação a 2016, quando 77 alcançaram a nota. Na edição do ano passado, 53 redações alcançaram a nota máxima. 

Além da fuga ao tema, 0,8% deixaram a prova em branco, 0,33% escreveram texto insuficiente, 0,17% das redações tinham parte desconectada, 0,11% não atenderam ao tipo textual, 0,09% era cópia do texto motivador e 0,03% zerou por outros motivos. 

O ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que não há uma avaliação técnica sobre o aumento de casos de fuga ao tema, porque o desempenho varia de acordo com as pessoas que se submetem ao exame. “Não há uma explicação clara e efetiva em relação a essa questão da variação de notas a cada etapa do exame”, disse.

A presidente do Inep (Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), Maria Inês Fini, afirmou que em 2014 houve índice similar de fuga ao tema nas redações. Naquele ano, o assunto abordado foi publicidade infantil.

“Depende da população e da interação que ela tem com o tema proposto”, falou.

A proficiência média das redações também aumentou. Nesta edição a nota média foi 558, ante 541 de 2016. “Aumentou então substancialmente a nota da redação, de 541 para 558 a média. E a concentração passa então para uma faixa menor de 500 para 600 pontos”, explica a presidente do Inep, Maria Inês Fini.

Após disputa na Justiça poucos dias antes da prova do Enem no ano passado, ficou decidido que o candidato que desrespeitar os direitos humanos não teria nota zero na redação automaticamente, mas poderá perder pontos.

A decisão da ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), foi dada às vésperas da aplicação do exame. O MEC não recorreu e prometeu acatá-la.

No entanto, apesar de não zerar automaticamente a nota da redação, ferir os direitos humanos pode levar à perda de até 200 pontos na prova –a nota máxima a ser alcançada por um candidato é 1.000. 

No ano passado, o tema da redação foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Apesar de ter sido elogiado por professores ouvidos pelo UOL, eles alertaram que, por se tratar de uma proposta muito específica, o candidato poderia eventualmente cair em fuga ao tema –erro que pode zerar a nota da redação

Notas por área de conhecimento

Em Linguagens e Códigos, a nota máxima caiu em relação à edição anterior. Em 2017, ela foi 788,8, enquanto em 2016 o número ficou em 802,6. Só uma pessoa conseguiu atingir a nota máxima no ano passado.

O desempenho médio dos estudantes também caiu. Era 520,5 em 2016 e foi para 510,2 em 2017. Já nota mínima aumentou para 299,6, contra 287,5 do ano anterior. Um total de 224 pessoas tiveram o menor desempenho nessa área do conhecimento.

Em Ciências Humanas, o desempenho máximo foi de 868,3 e o mínimo 307,7. Duas pessoas tiraram a nota máxima nessa parte da prova. Em 2016, foram 859,1 e 317,4, respectivamente. A média geral das notas caíram em relação a 2016, de 533,5 para 519,3.

Em Matemática, a nota máxima foi 993,9 e a mínima 310,4, um pouco maiores do que as verificadas em 2016 – 991,5 e 309,7, respectivamente. Mas a proficiência média geral aumentou. Foi de 489,5 para 518,5.

Em Ciências na Natureza, uma pessoa tirou a nota máxima, que foi de 885,6, e uma tirou a nota mínima (298). Em 2016, a máxima elas foram 871,3 e 316,5, respectivamente.

Site enfrenta instabilidade

O Inep liberou o acesso às notas individuais pouco antes das 12h desta quinta-feira. No entanto, internautas relatam instabilidade no acesso.

Para consultar suas notas, o candidato deve ter em mãos seu CPF e a senha cadastrada no período da inscrição. Caso tenha esquecido ou perdido a senha, é possível recuperá-la.

Com os resultados do Enem, os participantes podem concorrer a vagas nas universidades federais que integram o Sisu, a bolsas do Prouni (Programa Universidade para Todos) e a financiamentos do Fies (Programa de Financiamento Estudantil). A nota também pode ser utilizada para participação em diversos processos seletivos.

Além disso, 27 universidades portuguesas já aceitam a nota do Enem como critério para ingresso nas instituições.