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Líder de Doria na Câmara defende bombas da PM contra professores

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

14/03/2018 17h50Atualizada em 14/03/2018 18h30

O líder do governo João Doria (PSDB) na Câmara Municipal de São Paulo, vereador João Jorge (PSDB), defendeu nesta quarta-feira (14) o uso de força por parte da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para conter “manifestantes violentos” e contrários à mudança na Previdência municipal.

Integrante da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), que aprovou, às 16h e por 5 votos a 3, o relatório favorável ao projeto de lei do Executivo, o vereador comparou a agressão sofrida por uma professora da rede municipal a “uma sapatada e uma garrafa de água” das quais ele afirmou ter sido vítima durante a confusão ocorrida mais cedo nesta quarta.

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Luciana Xavier, 42, professora da rede municipal, foi encaminhada ao Hospital Público do Servidor com ferimentos no nariz. Testemunhas relataram que um guarda a agrediu com o cassetete no nariz quando a reunião da CCJ, em clima tenso, acontecia no Salão Nobre da Câmara.

“Tem que usar a força, senão, apenas um lado vai chegando e agredindo as pessoas, que poderiam sofrer alguma agressão física. A segurança pública tem que fazer valer o seu trabalho; por isso ela trabalha, por isso que ela ganha”, disse o vereador.

O parlamentar alegou ter havido uma “invasão no oitavo andar” e conta que levou “uma garrafada e uma sapatada”. No oitavo andar da Casa os servidores acompanhavam a discussão sobre o projeto. Lá que a professora Luciana foi agredida.

“Você acha que segurança não tem que intervir? Acha que a força policial não tem que entrar e segurar os manifestantes mais agressivos? É lógico que sim”, afirmou Jorge. “Se a pessoa vem com agressividade, é papel da polícia e do agente de segurança proteger o patrimônio público e os agentes públicos.”

Indagado se considerava a ação da GCM e da PM – que lançou bombas de efeito moral e disparou balas de borracha, do lado de fora do prédio –proporcional à agressão que ele diz ter sofrido, o líder de Doria na Câmara foi taxativo: “Não vejo nada de anormal, não”.

Presidente municipal do PSDB, Jorge integrou a comitiva que na última segunda-feira (12), no diretório estadual do PSDB, protocolou o registro de candidatura de Doria às prévias tucanas. É delas que sairá, no próximo domingo (18), o candidato do partido ao governo paulista.

O vereador negou que haja pressa ou interesse eleitoral do prefeito em aprovar o projeto na Câmara ainda este mês, tendo em vista que ele precisa renunciar ao cargo até 7 de abril caso entre na disputa pelo governo estadual.

Os adversários do projeto, como o vereador Claudio Fonseca (PPS), presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo), alegam que Doria tenta aprovar a Previdência municipal para contrastar, na disputa ao governo, com a não aprovação da reforma da Previdência pelo presidente Michel Temer (MDB) no plano federal. “Doria quer mostrar ao mercado que ele faz aqui o que Temer não conseguiu fazer, mas essa proposta é inconstitucional”, afirmou Fonseca.

Na avaliação do líder da gestão Doria no Legislativo, no entanto, se o projeto “é impopular, causa transtorno e algum incômodo” e não teria necessariamente apelo eleitoral.

“Melhor seria a ele [Doria] nem tocar no assunto, mas, mesmo saindo e se preparando para ser governador, tem a coragem de apresentar um projeto como esse, que vamos aprovar”, disse Jorge.

O prefeito de São Paulo, João Doria, disse após a confusão que o Executivo condena a "invasão" de professores na Câmara Municipal nesta quarta. Ele admitiu ainda que houve excessos dos dois lados, de manifestantes e de guardas civis metropolitanos.


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