Quem é o militar nomeado por Bolsonaro para ser o número 2 do MEC?
O novo número dois do MEC (Ministério da Educação), Ricardo Machado Vieira, é figura conhecida no alto escalão da Forças Armadas. Nomeado como secretário-executivo da pasta em decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), publicado na edição de hoje do Diário Oficial, o tenente-brigadeiro do Ar ingressou na FAB (Força Aérea Brasileira) em 1968.
Ele chegou a ser o número dois da Aeronáutica ao ocupar o cargo de chefe do Estado-Maior, com a missão de assessorar diretamente o comandante da FAB.
Vieira deixou o cargo em dezembro de 2014, quando foi para a reserva. Um ano depois foi nomeado secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto (SEPESD) do Ministério da Defesa.
Dentre as atribuições da secretaria, está o gerenciamento do Projeto Rondon, ação interministerial coordenada pelo Ministério da Defesa e com participação do MEC que trata da participação de estudantes universitários em atividades desenvolvidas em regiões carentes.
Desde fevereiro deste ano, Vieira ocupava o cargo de assessor especial da presidência do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), sendo automaticamente exonerado do cargo com a nomeação para o MEC.
O FNDE é uma autarquia do MEC responsável pela execução da maioria dos programas e ações relacionadas à educação básica.
Segundo o projeto de resolução da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) que concedeu a ele medalha Tiradentes, em 2011, Vieira tem pós-graduação em Direito Internacional dos Conflitos Armados, pela UnB (Universidade de Brasília).
Vieira disse que chega à pasta em um "momento dificil" e que é preciso melhorar o diálogo para amenizar as disputas internas dentro da pasta.
Quatro nomes em três meses
A nomeação de um militar para o posto ocorre em meio a uma crise no MEC. Só em março, a secretaria-executiva da pasta teve quatro nomes responsáveis (ainda que informalmente) por ela, em meio a disputas internas entre militares, ex-alunos do escritor Olavo de Carvalho e os quadros ligados ao Centro Paula Souza, de São Paulo, com maior proximidade com o ensino técnico, por cargos de destaque entre da pasta.
Antes da oficialização do nome do tenente-brigadeiro por decreto assinado pelo presidente, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, discípulo de Olavo de Carvalho, havia anunciado o nome de Iolene Maria de Lima, evangélica, membro da Igreja Batista em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e ex-diretora de uma escola religiosa.
Antes de Lima, Vélez disse que o cargo seria de Rubens Barreto da Silva, que atuava como secretário-executivo adjunto, desde que Luiz Antonio Tozi foi demitido do posto, após sofrer críticas dos seguidores de Olavo de Carvalho, mas o nome dele também não se confirmou.
O troca-troca dentro do MEC causado pela disputa desses três grupos por cargos já causou a exoneração de ao menos 15 pessoas e também atingiu a presidência do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), autarquia responsável pela realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Marcus Vinicius Rodrigues foi exonerado do cargo um dia depois de cancelar a avaliação federal de alfabetização, o MEC revogou a medida, em um novo recuo do ministro.
Hoje, o ministro Vélez se reúne com o presidente Jair Bolsnaro para tratar sobre o futuro da pasta.
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