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O que fez países asiáticos, como a China, chegarem ao topo do Pisa

Alunos em sala de aula do condado autônomo Yao de Dahua, na China, em novembro de 2019 - Xinhua/Huang Xiaobang
Alunos em sala de aula do condado autônomo Yao de Dahua, na China, em novembro de 2019 Imagem: Xinhua/Huang Xiaobang

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

03/12/2019 17h35

Resumo da notícia

  • Províncias chinesas ultrapassaram Singapura e ocupam o 1º lugar no Pisa
  • Top 10 do ranking é dominado por países asiáticos
  • Segundo especialistas, países da região vêm investindo em tecnologia e formação docente

A China deixou para trás países como Singapura e Finlândia e passou a ocupar o primeiro lugar no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), principal avaliação da educação básica no mundo.

Os dados são de 2018 e foram divulgados hoje pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

As províncias chinesas de Pequim, Xangai, Jiangsu e Guangdong, que foram avaliadas como uma só, aparecem no topo do ranking das três áreas analisadas pelo exame: leitura, matemática e ciências. Singapura, que liderou o Pisa em 2015, ocupa agora o segundo lugar.

Macau e Hong Kong, outros dois territórios chineses que foram avaliados de forma independente, também figuram entre as dez primeiras posições no ranking de cada uma das áreas analisadas.

Outros países e regiões asiáticas, como a Taipei chinesa, Japão e Coreia, completam a relação dos territórios com melhor desempenho no exame.

Mas quais fatores explicam o domínio de países asiáticos —e, em especial, da China— nos resultados do Pisa?

Especialistas ouvidos pelo UOL afirmam que, além de terem priorizado a educação como pauta política, esses países têm investido e planejado, a longo prazo, melhorar a formação docente e valorizar a carreira de professor.

"Não são medidas que, de três anos para cá, deram resultados. Elas vêm acontecendo há aproximadamente uma década ou mais", afirma Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação.

Como exemplos, ele cita um maior rigor na avaliação de cursos de pedagogia e também na seleção para o ingresso na carreira docente. "Valorizaram a profissão de professor não só salarialmente, mas culturalmente, em prestígio", diz.

Mozart Neves Ramos, diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, lembra que a China é um país que enfrenta muitas desigualdades, assim como o Brasil.

"Essas quatro províncias, além de Macau e Hong Kong, são na verdade situações fora da curva da média chinesa, porque o país ainda tem desigualdades muito profundas. Mas a China tem melhorado isso em várias províncias", afirma.

Ele destaca que, além de ter adotado um forte comprometimento político com a educação, a China vem investindo também no uso de tecnologias para o ensino.

"A tecnologia é um meio, e não um fim, mas eles têm feito que esse meio chegue até a ponta. Alunos que têm um professor mais preparado para usar essas tecnologias estão aprendendo de forma exponencial", diz.

Segundo ele, os meios tecnológicos possibilitam formas de aprendizagem "mais disruptivas e criativas". "O aluno é mais autônomo, mais protagonista do processo de aprendizagem. Eles estão tendo a coragem para romper com a educação tradicional e trazer a educação do século 21 para a sala de aula", afirma.