Morte de aluna causa protestos contra humilhações em universidade no México
Marcelle Souza
Colaboração para o UOL, na Cidade do México (México)
10/01/2020 04h00Atualizada em 10/01/2020 15h10
Resumo da notícia
- Jovem foi encontrada morta horas depois de realizar uma prova
- Alunos de universidade no México dizem sofrer humilhação de professores
- Estudantes protestaram contra a conduta do corpo docente na instituição
- "Romantização da cultura do estresse" é questionada por universitários
A morte de uma estudante de Direito e Relações Internacionais do ITAM (Instituto Tecnológico Autônomo do México), na Cidade do México, causou protestos e reacendeu o debate sobre a saúde mental dos universitários. Eles se dizem pressionados a ter alto desempenho acadêmico, além de relatarem humilhações e assédio por parte de professores.
A jovem María Fernanda Michua Gantus foi encontrada morta no dia 11 de dezembro do ano passado poucas horas depois de realizar uma prova oral na universidade. A instituição é privada e reconhecida por ter formado nomes do alto escalão dos últimos governos do México.
Segundo colegas, a estudante foi humilhada e reprovada pelo professor que aplicou o exame final de uma disciplina. No México, alguns jornais chegaram a noticiar que ela teria se suicidado, o que foi negado pela mãe da jovem, Maria Fernanda Gantus Paradela. "A causa da sua morte foi um prolongado ataque de epilepsia, a seu corpo não resistiu."
"Foi humilhada"
Em comunicado publicado no dia 19 de dezembro no Twitter, Paradela disse que a filha tinha depressão e sofria de ataques de epilepsia, mas que estava em tratamento médico. Ainda de acordo com a mãe, o ataque foi resultado do grande estresse causado pelos exames finais e pela morte recente da avó da jovem.
"Desde o primeiro dia, [Fernanda] foi ameaçada de que não chegaria a se graduar. Minha filha detestava esse ambiente [do ITAM], onde a empatia e a bondade dos professores era inexistente, a ponto que, no seu último dia de vida, Fernanda saiu chorando de um exame de direito porque foi humilhada por um dos seus professores", relatou a mãe. Para ela, essa situação "detonou o ataque que minha filha sofreu".