MEC tem de ser "descontaminado" de ideologias dos dois lados, diz Heleno
Resumo da notícia
- Heleno defendeu que educação deve ser "neutra ideologicamente"
- Para ele, o MEC (Ministério da Educação) foi contaminado por diferentes "ideologias"
- Por isso, na avaliação de Heleno, o MEC deve ser "descontaminado dos dois lados"
- A pasta é comandada hoje por Abraham Weintraub, discípulo de Olavo de Carvalho
O general Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), disse hoje que o MEC (Ministério da Educação) acabou "extremamente contaminado" por diferentes "ideologias" e, por isso, precisa agora ser "descontaminado dos dois lados". As declarações foram dadas em entrevista à rádio CBN.
Questionado sobre os erros no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a disputa judicial que chegou a impedir a divulgação dos resultados do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), Heleno disse que a prova foi "impecável, sem conotação ideológica", mas afirmou que "inegavelmente, o Ministério da Educação foi um ministério extremamente contaminado [ideologicamente]"
Agora, tem que ser descontaminado dos dois lados. Não pode ter conotação ideológica na educação
Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI
Desde abril do ano passado, o MEC é comandado por Abraham Weintraub, discípulo do "guru" bolsonarista Olavo de Carvalho.
Heleno defendeu, ainda, que a educação deve ser "neutra ideologicamente" para "tratar dos assuntos que realmente significam a formação da mão-de-obra brasileira".
O ministro classificou a disputa judicial em torno da liberação dos resultados do Sisu como algo "lamentável" por afetar "uma juventude que se esforça para vencer todos os problemas".
Heleno disse ainda que, com a decisão da Justiça, a solução está "bem encaminhada" e afirmou que eventuais responsáveis pelo erro no Enem serão punidos.
"Se houver nomes responsáveis pelo erro, é óbvio que tem que ter punição. Por enquanto, está tendo uma investigação e há indícios de que tenha sido uma falha mecânica", declarou.
Problemas no MEC
Usuário assíduo do Twitter, Weintraub não deixou a rede social de lado mesmo em meio à crise no Sisu, mas não se ateve apenas ao tema da educação: ele postou críticas ao comentarista Marco Antonio Villa, espalhou fake news e acusou quem apontava erros no sistema de ser de esquerda.
Sob sua gestão, o MEC virou centro de uma série de polêmicas: o ministro acusou universidades federais de promoverem "balbúrdia", contingenciou recursos e viu a chefia do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pelo Enem, ser trocada três vezes.
Desde o fim do ano passado, circulam rumores de que Weintraub seria demitido por Jair Bolsonaro (sem partido). O presidente, no entanto, tem dito que irá mantê-lo no cargo.
Os problemas em parte dos resultados do Enem foram admitidos pelo MEC há pouco mais de uma semana, um dia após a divulgação das notas —na ocasião, Weintraub chegou a afirmar que havia realizado o "melhor Enem de todos os tempos". Segundo o ministério, o erro aconteceu devido a um problema na gráfica responsável pela impressão do Enem: por isso, gabaritos de uma cor teriam sido lidos como se fossem de outra. O MEC sustenta que o erro já foi corrigido.
Ontem, após um imbróglio na Justiça envolvendo o Sisu, que usa as notas do Enem para selecionar candidatos a vagas no ensino superior público em todo o país, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) liberou a divulgação dos resultados.
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