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Weintraub: 'Interromper o Enem e deixar para 2021 seria matar uma geração'

19/02/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participa do primeiro culto de Santa Ceia de 2020 da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional - Marcelo Camargo/Agência Brasil
19/02/2020 - O ministro da Educação, Abraham Weintraub, participa do primeiro culto de Santa Ceia de 2020 da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do UOL, em São Paulo

17/04/2020 20h13Atualizada em 18/04/2020 11h34

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou hoje em live no Instagram que estaria "matando uma geração" caso adiasse o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para 2021. O exame está marcado para os dias 11 e 18 de outubro (aplicação de provas digitais) e 1 e 8 de novembro (provas físicas).

"E o que eu quero é que, daqui dez anos, quando vier uma outra epidemia mundial lá da Ásia, a gente tenha os melhores médicos. Interromper o Enem e deixar só para 2021 seria como matar uma geração de médicos, engenheiros, contadores...", afirmou o ministro.

Para Weintraub, mesmo com as escolas fechadas por conta da pandemia do coronavírus, "aula à distância é aula normal, é aula dada". Ele ainda justificou que o exame é uma competição e que está "mais difícil para todos.

"Eles [os críticos que querem cancelar o Enem] dizem: as pessoas não estão podendo se preparar. Mas está difícil para todo mundo. É uma competição. A gente vai selecionar as pessoas que estão mais preparadas para serem os médicos daqui dez anos, os enfermeiros, os engenheiros, os contadores", declarou Weintraub.

Ele ainda analisou que o isolamento foi "precipitada" e deveria ter sido menos "abrupta". "O Brasil não vai parar. Lembrando que a decisão de fazer a quarentena dessa forma foi dos governadores e prefeitos. O presidente [Jair Bolsonaro] se posicionou muito claramente a respeito. Eu acho que gerou um impacto negativo".

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal (PFDC/MPF) solicitou nesta semana ao Ministério da Educação informações sobre quais medidas estão sendo adotadas para garantir que todos os estudantes recebam educação adequada para prestar o Enem.

De acordo com a procuradoria, com as aulas suspensas em escolas em todo o país, a falta de acesso à tecnologia ou a uma boa conexão de internet são obstáculos para a aprendizagem contínua, principalmente para os estudantes de famílias desfavorecidas.

A procuradoria considera que esses fatores podem prejudicar os estudantes e gerar resultados falsos no Enem.

Justiça de SP determina o adiamento do Enem

Horas após a live do ministro da Educação, a Justiça Federal de São Paulo determinou que a edição do Enem 2020 seja adiada em função da pandemia de coronavírus. A decisão também aponta para que o prazo de solicitação de isenção da taxa de inscrição, que encerra hoje, seja adiado por 15 dias.

A decisão é assinada pela juíza Marisa Claudia Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível. A magistrada acolheu pedido de ação civil pública proposta pela DPU (Defensoria Pública da União), determinando que o calendário de prova seja adequado à realidade do ano letivo, que está suspenso em muitos locais por conta de políticas de isolamento determinadas pelos estados ou mesmo pelo governo federal.

Portanto, não há uma data fixa para a realização do exame.

No texto, Cucio menciona que a suspensão de aulas prejudica o acesso à informação a respeito de questões ligadas ao Enem, "É evidente que os alunos de escola pública estão privados de aulas e acesso às suas escolas, locais onde a informação é compartilhada", afirma.

A magistrada também fez um adendo de que não é possível afirmar que mesmo as escolas particulares estariam "disponibilizando aulas por vídeo ou atividades similares".