A exemplo da Saúde, Bolsonaro deve nomear ministro interino na Educação
Carla Araújo e Hanrrikson de Andrade
Do UOL, em Brasília
18/06/2020 17h23Atualizada em 18/06/2020 18h18
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estuda colocar um ministro interino à frente da pasta da Educação. Após a queda de Abraham Weintraub, que oficializou nesta tarde a saída do governo, o atual secretário-executivo do órgão, Antônio Paulo Vogel, deve assumir o cargo em caráter provisório.
Há expectativa de que a nomeação de Vogel seja publicada ainda hoje no Diário Oficial da União.
A decisão é semelhante ao que Bolsonaro fez na Saúde, ministério hoje comandado pelo general Eduardo Pazuello. O militar assumiu há um mês também como interino e com a missão de "arrumar a casa" depois das passagens de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich.
Caberia ao atual secretário-executivo, segundo apurou o UOL, iniciar um processo de transição e dar tranquilidade para que Bolsonaro possa escolher o substituto efetivo de Weintraub.
Tido como um dos expoentes da ala ideológica do governo, o ex-ministro caiu depois de se envolver em sucessivas polêmicas.
A principal eclodiu depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril. Durante o encontro, Weintraub chamou os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de "vagabundos".
Desde então, os membros da corte, lideranças do Legislativo e até quadros dentro do próprio governo passaram a cobrar a demissão de Weintraub. Bolsonaro, no entanto, tem apreço pelo ex-ministro e buscou resistir até o limite. A pressão, no entanto, tornou-se insustentável.
As declarações de Weintraub na reunião ministerial acirraram os ânimos e pioraram a crise institucional que já havia sido deflagrada com o veto do ministro Alexandre de Moraes à nomeação de Alexandre Ramagem, amigo pessoal do presidente da República, para o comando da Polícia Federal.
Além das cobranças de ministros do Supremo e outras autoridades, o desempenho de Weintraub é mais ligado ao viés ideológico, o que abriu espaço, inclusive, para críticas dentro do governo.
O ex-ministro é muito cobrado, por exemplo, pelas falhas relacionadas ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).