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SP: Aulas só voltam em 8 de setembro se condições de saúde forem cumpridas

Ana Carla Bermúdez e Emanuel Colombari

Do UOL, em São Paulo

17/07/2020 13h18Atualizada em 17/07/2020 16h26

O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, disse hoje que o governo João Doria (PSDB) manterá a previsão de retorno das aulas nas escolas paulistas para o dia 8 de setembro. Soares, no entanto, afirmou que a data não está garantida —e condicionou a reabertura das escolas à situação da pandemia do novo coronavírus no estado.

"Os protocolos da educação estão mantidos. Muitas pessoas estão falando da data, e muito mais importante que a data é termos as condições obrigatórias sendo cumpridas. Ou seja: só voltaremos em 8 de setembro se as condicionalidades determinadas pelo Centro de Contingência [do Coronavírus em São Paulo] forem cumpridas", disse o secretário.

O plano inicial de retorno das aulas presenciais prevê a volta em 8 de setembro e com 35% de ocupação máxima das unidades escolares. Ele também estabelece que, para a reabertura das escolas, todas as regiões do estado devem ter permanecido por pelo menos 28 dias na fase 3 (amarela) do plano de flexibilização da economia - o chamado Plano São Paulo. Nesse plano, o governo estipulou cinco fases - a fase 1 (vermelha) significa a situação mais crítica e a fase 5 (azul), o cenário controlado.

"Se isso não estiver [presente], e isso foi claro desde o início, não voltarão [as aulas presenciais]", afirmou Soares.

Ontem, o secretário executivo do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, declarou que o comitê iria reavaliar a previsão de retomada das aulas presenciais no estado.

A reavaliação sobre a retomada das aulas —e a decisão pela manutenção da previsão do retorno— acontece após uma declaração do matemático Eduardo Massad, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas). Em um seminário online, Massad afirmou que a volta das atividades poderia levar a 1.700 novas infecções pelo coronavírus apenas no primeiro dia de retomada das aulas.

Segundo o matemático, uma reabertura precoce de todas as escolas faria que o número total de mortes de crianças menores de 5 anos chegasse a 17 mil, em todo o país.

Protocolos e estatísticas

Hoje, Soares afirmou que a secretaria de Educação entrou em contato com Massad e disse que houve um "erro" na comunicação dos números estimados pelas projeções.

"Quando se falou em 17 mil mortes, o próprio professor reconhece —primeiro, que esse número esteja errado em 10 vezes, o número de mortes nas condições de hoje seria 1.700. No Brasil. Esse dado não é de São Paulo. Segundo ponto, não é só para a educação infantil, é para toda a população", disse.

O UOL procurou Massad, por meio da assessoria de imprensa da FGV, e aguarda uma resposta.

O secretário Soares também afirmou que as projeções que levaram a esses números foram feitas com base nas condições atuais da epidemia, que segundo ele estarão diferentes em setembro.

"Nós não voltamos com a condição de hoje. Só voltaremos, e será somente com segurança, com a área da saúde dizendo que é possível retornar, dadas as condições que teremos lá na frente. Por isso, nossos protocolos estão mantidos", disse.

"As datas, nós vamos medindo. No dia 24 de julho, teremos um novo boletim. No dia 7 de agosto, teremos outro. Se não entrarmos nas condições, não será necessariamente naquela data", acrescentou o secretário.

Gabbardo concordou com as declarações de Soares. "Os cálculos do pesquisador são baseados numa fotografia de transmissibilidade que temos no momento. Isso é muito diferente do que vamos encontrar quando todo o estado estiver no amarelo. O risco vai estar muito menor, vamos ter muitos casos", disse.