Com presença virtual de Bolsonaro, Ribeiro é empossado ministro da Educação
Milton Ribeiro tomou posse hoje como ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Em seu primeiro discurso como chefe do MEC, ele falou em "resgatar o respeito" pelos professores e reverter um cenário de "desconstrução da autoridade" em sala de aula. Também negou que seja entusiasta de práticas educacionais que façam uso de violência.
A declaração se deve à repercussão de um vídeo antigo que circulou nas redes sociais, logo após a nomeação, na semana passada, em que ele defende educar crianças pela "dor".
"Jamais falei em violência física na educação escolar e nunca defenderei tal prática, que faz parte de um passado que não queremos de volta. Entretanto, vale lembrar que, devido à implementação de políticas e filosofias educacionais equivocadas, em meu entendimento, desconstruíram a autoridade do professor em sala de aula e que agora existe por muitas vezes episódios de violência física de alguns maus alunos contra o professor", afirmou Ribeiro.
"Muitas vezes, o que acontece é que a gente vê na TV. Professores sendo agredidos, desrespeitados. E aquilo que eu puder, como ministro da Educação, apoiar as iniciativas, nós precisamos resgatar o respeito pelo professor."
Ainda em recuperação do coronavírus, Bolsonaro participou da solenidade por meio de videoconferência e, de casa, no Palácio da Alvorada, assinou termo que oficializa a nova gestão do MEC.
O presidente agradeceu ao subordinado por "aceitar tamanho desafio" e disse que a chegada do novo ministro cria uma expectativa de diálogo maior entre o poder público e os setores da educação.
"Existe hoje em dia uma gama enorme de excelentes e excepcionais professores em todos os níveis no Brasil. E, com toda a certeza, com a chegada de um ministro voltado para o diálogo, usando a sua experiência e querendo o melhor para as crianças, esse entendimento se fará presente."
Disputa ideológica
A pasta da educação é objeto de uma disputa ideológica dentro do próprio governo e alvo de críticas de vários setores sociais devido a polêmicas que ocorreram na gestão de Abraham Weintraub.
O ex-ministro era acusado de não ouvir as classes que compõem a estrutura educacional no país, como universidades, professores e estudantes. Os desgastes, somados à repercussão do episódio no qual ele chamou ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) de "vagabundos", resultaram na saída de Weintraub.
Bolsonaro foi convencido de que precisava promover o diálogo na pasta e, para o lugar de Weintraub, delegou a função a Carlos Alberto Decotelli, professor universitário que contava com a simpatia dos militares. O escolhido, no entanto, foi demitido cinco dias após a nomeação por conta de inconsistências curriculares.
Ribeiro assume o MEC na condição de quarto ocupante desse posto na gestão Bolsonaro —além de Decotelli e Weintraub, o órgão também foi chefiado por Ricardo Vélez Rodriguez, que caiu no ano passado.
Professores são 'segundos pais', diz Bolsonaro
Em discurso por videoconferência, o presidente buscou endossar as palavras de seu novo subordinado quanto ao "resgate" da autoridade de professores.
"Lembro-me dos anos 60, nos momentos de festa na cidade, quando havia um casamento, por exemplo, as primeiras pessoas das listas a serem convidadas eram os professores. Nós temos que resgatar isso daí. Os professores são praticamente os nossos segundos pais. Devemos respeito e reconhecimento por aquilo que nos ensinam e ficará para sempre em nossas vidas."
De acordo com o mandatário, "não é fácil a vida do professor nos dias atuais". Muitos, segundo ele, "tentaram consertar, mas na verdade se equivocaram". Bolsonaro encerrou o raciocínio sem explicar com clareza o que estava contando.
"É um ministério grande, complexo, com autonomias e setores, dependendo muitas vezes de conselhos para tomar decisões. Não é fácil a vida do ministro. E dele, em grande parte, depende o futuro da nossa nação. Já disse ao Paulo Guedes que o que liberta um país, o que liberta um homem não são programas sociais, são conhecimento [sic]. E esse conhecimento vem em grande parte do Ministério da Educação."
'Ajuda de Deus'
Pastor da Igreja Presbiteriana, Ribeiro encerrou o seu discurso de posse pedindo ajuda a Deus. "Conquanto, tenho a formação religiosa, meu compromisso que assumo hoje ao tomar posse, está bem firmado e localizado em valores constitucionais da laicidade do estado e do ensino público. Assim, Deus me ajude."
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