Topo

Esse conteúdo é antigo

PE: Professores da rede pública decretam greve: 'Sem ambiente sanitário'

Getty Images
Imagem: Getty Images

Ed Rodrigues

Colaboração para o UOL, no Recife

30/09/2020 20h42

Com mais de 1.100 votos a favor, educadores da rede pública de Pernambuco decretaram greve geral na tarde de hoje. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado (Sintepe), o movimento grevista será deflagrado na próxima segunda-feira (5), um dia antes da data programada pelo governo para o retorno presencial das unidades de ensino.

A greve foi acordada em assembleia virtual, que teve a participação de 1.510 representantes da classe, dos quais 1.102 optaram pela suspensão das aulas. Ao término da reunião, o presidente do Sintepe, Fernando Melo, relacionou a decisão com o combate à pandemia da covid-19.

"Não há ambiente sanitário. Não há condição, do ponto de vista do cumprimento do protocolo do próprio governo, que assegure e passe tranquilidade para que a categoria possa ir para dentro das escolas receber os estudantes", explicou o sindicalista.

Os professores se apegam a uma análise feita pela Rede Solidária em Defesa da Vida Pernambuco, um coletivo que reúne cientistas e educadores. Em um parecer técnico recente, emitido no último dia 25 setembro, o grupo se posicionou contra a retomada das aulas.

"A melhor maneira de ter uma volta às aulas segura é, em primeiro lugar, controlando a transmissão comunitária do vírus. Reaberturas feitas em picos epidêmicos ou em locais com pouco tempo de melhora geral do número de casos podem comprometer todo esforço empenhado ao longo dos meses de imposição de medidas não farmacológicas de distanciamento físico para deter a disseminação do vírus", disse um trecho do documento.

Para o professor de biologia Eberson Bastos, a categoria acertou em priorizar um recomeço seguro do calendário escolar.

"O correto seria voltar depois de uma vacina. A gente sabe que a educação é importante. Mas sabemos que há lugares que retomaram as aulas e os números de contágio voltaram a subir. Em Pernambuco, temos um contingente de estudantes e educadores muito grande. São quase dois milhões de alunos voltando. Daí podemos mensurar a dimensão do risco", ressaltou.

Procurada pela reportagem do UOL, a Secretaria de Educação e Esportes do Estado disse ter recebido a decisão com surpresa e que "trabalha com a premissa de manter o diálogo com os professores, demais profissionais de educação e com o Sintepe".

"A Secretaria estava em processo de diálogo com a categoria. O órgão aguarda a formalização desta decisão por parte do Sintepe e a apresentação de uma proposta que permita a continuidade da negociação", afirmou, em nota.

A pasta estadual justificou que os estudantes não estão obrigados a comparecerem às unidades de ensino. "Importante ressaltar que o Governo de Pernambuco estabeleceu a retomada das aulas presenciais para o Ensino Médio em etapas a partir do dia 6 de outubro e de forma facultativa para os estudantes, com base em autorização das autoridades de saúde do Estado", continuou.

O órgão garantiu que vem tomando providências desde o mês de julho para que o retorno às aulas presenciais seja realizado de forma segura. "O maior objetivo é apoiar os estudantes e garantir seu direito à aprendizagem com a indispensável colaboração dos professores e demais profissionais da educação", finalizou o comunicado.