SP contratará de 7 mil a 10 mil professores para volta às aulas presenciais
O estado de São Paulo oficializou a contratação de professores para o retorno das aulas presenciais, determinada para o dia 1º de fevereiro. Ao UOL, o secretário da área, Rossieli Soares, estimou entre 7 mil e 10 mil vagas neste processo seletivo.
Em edital publicado no Diário Oficial desta terça-feira (5), o governo João Doria (PSDB) convocou os profissionais interessados nas vagas para a categoria O em meio à pandemia de coronavírus.
Estão excluídos da seleção pessoas dentro do grupo de risco para a covid-19, conforme o item 3 do texto.
Assim, estão fora profissionais que sejam idosos (60 anos ou mais), gestantes ou portadores de doenças respiratórias crônicas, cardiopatias, diabetes, hipertensão ou "outras afecções que deprimam o sistema imunológico", conforme o texto.
Os interessados devem ter licenciatura, bacharelado ou cursos tecnológicos nas áreas de atuação para se inscreverem. A contratação será exclusiva para o ensino presencial, sem possibilidade de trabalho remoto.
O passo seguinte será o estado analisar o currículo dos interessados e ajustar conforme o sistema de contagem de pontos para traçar uma lista de prioridades.
Em entrevista ao UOL, Rossieli explicou que não definiu previamente uma quantidade de profissionais a serem contratados.
"A estimativa é de 7 [mil] a 10 mil professores nesse processo. Em uma rede de 190 mil, é pouco. A estimativa é minha porque vou contratar a mais para termos mais projetos", afirma.
Segundo ele, a ideia é implementar projetos para acompanhamento dos alunos durante a retomada do ensino presencial. Por conta disso, a contratação será superior à demanda, como afirma.
Críticas do sindicato ao retorno presencial
A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) anunciou em suas redes sociais que entrará na Justiça contra essa contratação de professores.
Rui Carlos Lopes, diretor da Apeoesp, define a situação de volta às aulas como "complicada". Para ele, já existiam problemas antes da pandemia e, com a proliferação do vírus, a escola se torna um ambiente ainda mais problemático.
"As escolas não têm condições sanitárias de receberem os estudantes. Como será banheiro, bebedouro, alimentação? Se as escolas já estavam sucateadas antes da pandemia, elas continuam."
Lopes detalha com preocupação o fato de os alunos poderem ser transmissores da doença aos seus familiares mais velhos. "Temos vontade do secretário, do governador, que dialoga com o mercado, não com a vida", afirma.
Ele sintetiza o trabalho remoto ao se comparar com motoristas de aplicativos de transporte pela falta de investimentos do estado para o teletrabalho.
É como se fossemos professor Uber: a internet é do professor, a energia é do professor, a comida é do professor e estado não dá nada
Rui Carlos Lopes, diretor da Apeoesp
Segundo ele, a categoria O é a de maior vulnerabilidade entre os professores. "É um exército de reserva. Sucateia, sucateia, abaixa salário e chega a um nível que pessoas [aceitam porque] precisam sobreviver", afirma.
Lopes critica a volta imediata em meio ao crescimento de casos de covid-19, com 1.186 mortes registradas em todo o país nesta terça (5), sendo 334 em São Paulo. "Aprendizagem se recupera; vidas, não. O mais importante é pensar na vida dos estudantes."
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