Topo

Esse conteúdo é antigo

Lula anuncia reajuste em bolsas e critica Bolsonaro: 'Destruiu tudo'

Do UOL, em São Paulo

16/02/2023 16h45Atualizada em 16/02/2023 18h28

O presidente Lula (PT) anunciou hoje (16) um reajuste de 40% nas bolsas de pós-graduação da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). A mudança vale a partir de março.

Desde 2013, os valores não eram modificados. O tema foi uma das promessas de campanha de Lula. Agora, as bolsas ficaram assim:

  • mestrado de R$ 1.500 para R$ 2.100;
  • doutorado de R$ 2.200 para R$ 3.100.

As bolsas de pós-doutorado subiram 25%, saindo de R$ 4.100 para R$ 5.200.

O reajuste ainda não considera a inflação de todo o período. Para a bolsa ter o mesmo valor de compra de 2013, o governo federal precisaria anunciar um aumento de 72%.

Mais bolsas também receberam reajuste, como a de professores, entre 40% e 75%. A bolsa permanência, que é concedida a alunos quilombolas, indígenas, integrantes do Prouni (Programa Universidade para Todos) e alunos de instituições federais em situação de vulnerabilidade socioeconômica, aumentou de 55% para 75%.

A bolsa para iniciação científica também recebeu reajuste:

  • para alunos do ensino médio, o valor vai passar de R$ 100 para R$ 300;
  • para ensino superior, de R$ 400 para R$ 700.

O anúncio foi feito pelas pastas da Ciência e Tecnologia e da Educação ao lado de Lula. No evento, a ministra Luciana Santos, do MCTI, prometeu trabalhar para "ampliar a participação das mulheres, negros e povos originários na produção de ciência nacional".

A política negacionista do governo anterior asfixiou a ciência brasileira. Sucessivos cortes somados aos bloqueios de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico promoveram um apagão e colocaram a ciência brasileira à beira do precipício."
Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia

Lula voltou a criticar a gestão de Bolsonaro. "[Antes] você tinha governo que não fazia e o país não andava, mas tivemos um governo que destruiu o que estava construído e as coisas não aconteciam, apesar das mentiras contadas", disse o presidente.

Nunca pensei que um país pudesse retroceder em todas as áreas, da economia a educação, do trabalho ao investimento, esse país sofreu um retrocesso, que nunca antes na história do Brasil aconteceu isso."
Lula

Entre as críticas, o presidente falou da merenda escolar, que não é reajustada há pelo menos sete anos. O ministro da Educação, Camilo Santana, prometeu que o governo vai lançar um programa voltado ao tema.

O anúncio do reajuste contou na plateia com a presença de diferentes ministros como Anielle Franco (Igualdade Racial), Rui Costa (Casa Civil), Luiz Marinho (Trabalho) e Nísia Trindade (Saúde). O evento é também mais um aceno do governo para educação —diferentes organizações ligadas ao tema participaram da agenda.

No governo Bolsonaro, o número de bolsistas do CNPq e da Capes caiu, segundo mostrou reportagem do UOL. Lula afirmou que vai recompor a quantidade de bolsas.

Para o mestrado, a estimativa é que sejam ofertadas 53,6 mil. Em 2015, eram 58,6 mil bolsas. Já em 2022, esse número caiu para 48,7 mil.

A área da ciência ficou marcada durante o governo Bolsonaro por uma série de desmontes. O MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações) sofreu várias reduções no orçamento.

O ex-presidente também foi a público diversas vezes para atacar a ciência. Durante as eleições, a revista científica Nature chegou a publicar um editorial afirmando que uma possível reeleição de Bolsonaro representaria "uma ameaça à ciência, à democracia e ao meio ambiente" do Brasil e do mundo.