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Novo ensino médio: Secretários sugerem mais horas de matérias obrigatórias

Secretários de Educação apresentam sugestões para novo ensino médio - Divulgação/Consed
Secretários de Educação apresentam sugestões para novo ensino médio Imagem: Divulgação/Consed

Do UOL, em São Paulo

03/07/2023 16h37Atualizada em 03/07/2023 17h42

O Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) apresenta hoje um documento com sugestões de mudanças para o novo ensino médio. A reforma está em consulta pública no MEC (Ministério da Educação) — o processo, que já foi prorrogado, está previsto para ser encerrado na quinta-feira (6).

Quais são as propostas dos secretários

Entre as principais sugestões está a possibilidade de incluir mais 300 horas na formação geral, ou seja, para as disciplinas obrigatórias. Com a reforma, a carga horária aumentou de 2,4 mil horas para 3 mil nos três anos. Dessas, 1,8 mil são para formação geral e as outras 1,2 mil para parte flexível.

"As 300 horas ficariam como horas complementares e ajustáveis", disse o presidente do Consed, Vitor de Angelo — ele é secretário de Educação do Espírito Santo. Poderiam ser para reforço ou para disciplinas como matemática e português.

Para mitigar diferenças entre estados, sugere-se o uso de um "orientador comum nacional". Ou seja, um documento que indique práticas para definir a parte flexível e minimizar desigualdades entre as redes de ensino. A formação geral já conta com um documento (BNCC - Base Nacional Comum Curricular) como esse, uma espécie de diretriz para disciplinas obrigatórias.

Os itinerários formativos, conhecidos como a parte flexível do currículo, são um dos pontos mais criticados da reforma. Nessas aulas, a ideia é que as redes ofereçam temas de aprofundamento, mas isso não se refletiu em todas as escolas. Especialistas contrários ao novo ensino médio apontam que os itinerários ampliaram as desigualdades educacionais.

Para o Enem, a proposta é ter um dia de prova para formação geral e outro para os itinerários —onde o aluno pode escolher a área de conhecimento. Essa também foi a sugestão feita pelo CNE (Conselho Nacional de Educação) no ano passado.

O Conselho é contra a revogação total da reforma e defende ajustes na política. Desde o início da discussão, o governo Lula (PT) também tem se colocado contrário à revogação total.

Não é razoável pensar em descartar todo esse esforço técnico e financeiro despendido pelas redes estaduais ao longo dos últimos anos. Além de inváivel, essa opção, em nenhum momento, foi considerada pelo gestores estaduais, que são os responsáveis pela etapa de ensino na rede pública."
Conselho de Secretários de Educação

Associação pede revogação

A Anped (Associação Nacional de pós-graduação e pesquisa em educação) entregou na semana passada um relatório de "contribuição" à consulta pública. A entidade diz a favor da revogação e que se baseou nos seminários realizados nos últimos meses.

Para o associação, a reforma amplia as desigualdades entre as redes de ensino —públicas e privadas, e entre os estados.

Desde a aprovação do novo ensino médio, a Anped se coloca contrária as mudanças.

O que é a reforma?

Aprovada em 2017 durante o governo Temer (MDB), a reforma do ensino médio prevê ampliação da carga horária e a possibilidade de parte das disciplinas ser escolhida pelos alunos fazem parte das mudanças.

Com as mudanças, a ideia era que a etapa se tornasse mais atrativa ao jovem e reduzisse a evasão escolar.

Quem é contra, no entanto, afirma que o modelo amplia as desigualdades e enfrenta obstáculos no processo de implementação nas escolas.