Não foi na Bahia: quem foi o 'pirata' que pisou no Brasil antes de Cabral

Apesar de a versão mais conhecida sdizer que o primeiro europeu a pisar no Brasil teria sido o português Pedro Álvares Cabral, em abril de 1500, no sul da Bahia, estudiosos do tema indicam que, na verdade, um navegador espanhol chamado Vicente Yáñez Pinzón esteve em terras brasileiras em janeiro do mesmo ano — ou seja, antes de Cabral.

Na época, a Espanha não pôde revelar a chegada de Pinzón ao Brasil devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado antes, em 1494.

O acordo já definia qual seria a linha que dividiria terras exploradas por portugueses e espanhóis nas Américas, mesmo com novas "descobertas" sendo feitas anos depois de o tratado ser firmado.

Quem foi Vicente Yáñez Pinzón?

Nasceu em 1462, na cidade de Palos de la Frontera. O local fica na costa atlântica da Andaluzia, uma comunidade autônoma da Espanha.

Era um navegador experiente e aprendeu a arte de navegar com seu irmão mais velho.

Seu nome foi mencionado pela primeira vez em um documento sobre pirataria, de 1477. Ou seja, estava associado a roubos nas costas catalãs feitos por caravelas sob o comando de Diego de Mora de Sevilha, segundo a Academia Real de História da Espanha.

Oito anos antes de chegar ao Brasil, acompanhou Cristóvão Colombo na viagem de 1492, que os conduzira a ilhas misteriosas —que foram apontadas como parte do litoral da Ásia, mas, na verdade, faziam parte do mar do Caribe.

Ele também participou de outras missões, como a que foi à América Central e à ilha de San Juan, em Porto Rico.

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Não há memória de Pinzón depois de 1510. Seus últimos anos permanecem nas sombras.

Supõe-se que ele morreu em uma expedição, segundo a Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes.

Sabe-se que casou duas vezes: a primeira com Teresa Rodríguez e a segunda com Ana Núñez de Trujillo, com quem viveu em Sevilha até sua morte. Teve duas filhas no primeiro casamento: Ana Rodríguez e Juana González.

Cabo de Santa Maria de la Consolación

O local onde os navios de Pinzón aportaram ainda divide historiadores, segundo o livro "Náufragos, Traficantes e Degredados", de 1998, do jornalista e escritor Eduardo Bueno.

O espanhol teria atracado na Ponta do Mucuripe, em Fortaleza, e nomeado o local de Cabo de Santa Maria de la Consolación, segundo o site do governo do Ceará.

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Embora polêmica, a afirmação se baseia em fontes primárias e em pesquisas confiáveis. A viagem de Pinzón foi bem documentada, e cronistas do século 16 se referem a ela em detalhes.
Trecho do livro 'Náufragos, traficantes e degredados', de Eduardo Bueno

O espanhol virou nome de bairro em Fortaleza. A região é marcada pela presença de pescadores e chegou a ter um ponto turístico da cidade nas décadas de 1980 e 1990, o Mirante.

No entanto, há teorias que defendem que o local dá chegada foi Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco.

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