Conteúdo publicado há 11 meses

Fuvest 2024: redação discute 'ócio criativo' e 'sociedade do cansaço'

O tema da redação da Fuvest 2024 foi "educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão". A segunda fase do vestibular começou neste domingo (17) com a redação e dez questões de língua portuguesa e literatura.

Redação

Como base para a redação, foram oferecidos textos do sociólogo Domenico de Masi, autor de "O Ócio Criativo", e do filósofo Byung-Chul Han, de "Sociedade do Cansaço".

A prova também trouxe estudiosos da USP, nos quais o candidato deveria se basear, para poder, até aproveitando a própria experiência de estudante, discutir e posicionar-se em relação ao que seria mais importante na educação básica.
Maria Aparecida Custódio, professora do colégio Objetivo

O estudante que desenvolve várias atividades ao mesmo tempo não tem tempo para a reflexão. O que provavelmente seria o que o Domenico de Masi teria proposto em uma de suas obras: 'O Ócio Criativo'.
Maria Aparecida Custódio, professora curso e colégio Objetivo

Em nota, a Fuvest apontou que o objetivo era provocar os candidatos a refletirem sobre sua própria condição.

Espera-se que os candidatos se apropriem do material exposto para refletir a respeito de sua própria condição de estudante e futuro profissional.
Fuvest

Língua portuguesa e literatura

Foram aplicadas também dez questões de língua portuguesa e literatura. Os candidatos tiveram quatro horas para finalizar a prova.

Para os professores ouvidos pelo UOL, a prova exigiu muita reflexão e espírito crítico.

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O candidato precisou dominar o que ele leu dos trechos literários, não simplesmente uma leitura qualquer. A prova mostrou que o aluno tem que ter espírito critico, tem que estar antenado. Uma prova bem contemporânea que exige assuntos que foram publicados na mídia agora em 2023. Onde o aluno tem que estar ligado nas redes sociais, não de maneira fútil, mas de uma maneira refinada, com espirito crítico.
Vera Lúcia da Costa Antunes, professora e coordenadora pedagógica do Objetivo

Foi uma prova de alto nível de dificuldade porque exigia muito mais que apenas a leitura das obras. O destaque do exame é que as questões exploravam relações intertextuais complexas como poemas de Carlos Drummond de Andrade e música do Caetano Veloso. A Fuvest mostrou que não quer uma mera leitura.
Sérgio Paganim, professor e diretor do curso Anglo

Além do que já era previsto ser abordado na prova, com a análise de obras consagradas, os professores destacaram a presença de temáticas ligadas à diversidade no exame.

Muito interessante a questão do respeito à diversidade e responsabilidade social no uso do dicionário e a ideia de se criar um dicionário mais moderno. Mostrando que o aluno precisa ter essa preocupação de vocabulário.
Vera Lúcia da Costa Antunes, professora coordenadora pedagógica do Objetivo

Houve um pouco mais de questões gramaticais do que em edições passadas. No entanto, o que chama a atenção é uma característica que já se via na prova da primeira fase. A Fuvest parece ter se posicionado como um vestibular mais humanista, colocando a USP como uma instituição mais humanista. A gente teve texto sobre identidade nacional, dois textos sobre culturas indígenas. Um sobre o manto tupinambá, e o outro texto sobre Ailton Krenak. Transfobia, desinformação, violência policial, ou seja, trouxe temáticas muito relevantes, mas sem deixar de lado temáticas de estudo de língua portuguesa tradicionais.
Sérgio Paganim, professor e diretor do curso Anglo

No balanço geral das questões de língua portuguesa e literatura, a professora Vera elogiou a elaboração da prova. Ela apontou que as questões remetiam à atualidade, com temas de apelo contemporâneo, algo também pontuado por pelo professor Paganim.

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A segunda fase é realizada em dois dias. Cerca de 30,7 mil pessoas estão aptas a participar da segunda etapa do vestibular, que continua nesta segunda-feira (18).

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