Provão: governo de SP confirma que tema da redação vazou, mas sem prejuízo
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo confirmou que teve um vazamento do tema da redação do Provão Paulista, mas descartou que qualquer estudante pode ter sido prejudicado ou beneficiado com a situação.
O que aconteceu
"Não houve crime, nem esquema de fraude nenhum", disse o secretário da Educação, Renato Feder. Segundo ele, o que ocorreu foi um erro de distribuição em algumas escolas após o governo mudar as datas da prova por conta da greve dos metroviários.
Feder explicou que não houve prejuízo aos alunos, porque o que ocorreu foi o vazamento do tema da redação, não dos textos de apoio para produção do texto. O tema central era sobre o "combate a fome".
As notas dos estudantes das regiões próximas das três escolas onde ocorreu o vazamento também foram analisadas, sem nenhuma distorção, afirmou a secretaria. Na época, foi divulgado que as unidades estavam localizadas na zona leste de São Paulo e nas cidades de Campinas e São Carlos. Segundo Patrícia de Barros Monteiro, diretora de avaliação da secretaria, um relatório sobre o trabalho do grupo deve ser divulgado em breve.
Vazamento é preocupante, afirmam especialistas
A correção de parte das redações não é um problema na avaliação de especialistas consultados pelo UOL, mas o vazamento do tema sim. "Se professores de uma escola prepararam os alunos com aquele tema, isso faz com que os demais, que estão em outras escolas, tenham prejuízo ao competir por vagas", afirma Claudia Costin, presidente do Instituto Singularidades.
O vazamento do tema afeta a competição entre os estudantes, que fica desigual, segundo Ernesto Faria, diretor-executivo do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional). Para ele, é preciso saber, por exemplo, quantos alunos acessaram os vídeos nas redes sociais e qual foi a dimensão dessas publicações. Na época, a TV Globo revelou que o tema da redação foi publicada no TikTok por estudantes que tiveram acesso um dia antes.
Quem fez o Provão Paulista
Mais de 184 mil alunos da 3ª série do ensino médio fizeram o Provão. Desses, 65 mil tiveram suas redações corrigidas — os estudantes com notas superiores a 22 pontos tiveram os textos analisados.
A decisão para não corrigir todas as redações aconteceu devido ao processo ser "muito custoso", segundo Feder. O vestibular foi criado pelo governo paulista no ano passado — essa foi a primeira edição.
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, disse que tem tranquilidade quanto à segurança do resultado. "A universidade ficou tranquila com as informações da secretaria de que não vamos receber alunos que não teriam capacidade para entrar na USP", disse o reitor, que estava presente na coletiva de imprensa.
A USP oferta 1,5 mil vagas para essa primeira edição do Provão. A expectativa é aumentar esse número nos próximos anos, afirmou Carlotti.
O exame oferece mais de 15 mil vagas no ensino superior para estudantes da rede pública do estado. Os estudantes podem conferir os resultados neste link.
Feder afirmou que o governo estuda a possibilidade de aplicar o exame aos alunos do 1º ano de forma virtual. A pasta também quer pensar em ações para aumentar o engajamento dos estudantes no Provão Paulista e no Enem — o estado de São Paulo registrou o pior índice de inscritos na rede pública em 2023.
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