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Vice-reitor lidera lista tríplice para eleição interna na USP

Vice-reitor da USP Vahan Agopyan - Bruno Poletti/Folhapress
Vice-reitor da USP Vahan Agopyan Imagem: Bruno Poletti/Folhapress

Luiz Fernando Toledo

31/10/2017 10h00Atualizada em 31/10/2017 10h00

O atual vice-reitor da Universidade de São Paulo (USP), Vahan Agopyan, lidera a lista tríplice para novo reitor da instituição. Ele teve 1.092 votos, de um total de 1.949 eleitores, seguido pela diretora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) Maria Arminda do Nascimento Arruda (840 votos) e do professor da Poli e ex-diretor da Petrobrás Ildo Luís Sauer (594). A votação foi realizada nesta segunda-feira, 30, na universidade. Forma-se agora uma lista tríplice, que será enviada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), a quem cabe a palavra final.

O novo reitor assume em 25 de janeiro, mas não há prazo para que Alckmin decida. O novo mandato será de 2018 a 2022. Ainda ficou fora da lista tríplice o professor da FFLCH Ricardo Terra, que teve 163 votos.

A última vez em que o governador não seguiu o primeiro da lista tríplice foi em 2008. Na época, José Serra (PSDB) decidiu nomear João Grandino Rodas, 2.º na disputa, no lugar do cientista Glaucius Oliva, que havia vencido a disputa interna.

Pela primeira vez a votação e a apuração na USP foram realizadas pela internet. Houve adesão em massa ao novo modelo e os 13 pontos físicos tiveram pouca visitação, segundo a reitoria.

Nem toda a USP tem direito a voto. É formada uma assembleia eleitoral, com 2.062 membros, composta por representantes de conselhos da instituição. A maioria (84%) é docente, 10% são alunos e 6% são servidores técnico-administrativos.

Antes da votação oficial, a reitoria abriu consulta pública a todos os membros da comunidade uspiana na semana passada. Mas o resultado não interfere na eleição oficial. A vencedora havia sido Maria Arminda - que faz oposição ao atual reitor Marco Antonio Zago, após ter dado apoio a ele há quatro anos.

Quem for escolhido terá como um de seus principais desafios gerir a maior instituição de ensino do País em meio a sua pior crise financeira. Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo neste mês, o fundo de reserva da USP representa hoje apenas 5% do valor de dez anos atrás - R$ 97,5 milhões, o mais baixo da história da instituição. Só a folha de pagamento mensal da universidade é de R$ 380 milhões. A USP gasta quase tudo que recebe do governo estadual com salários.

"Ficou muito claro que a nossa comunidade está apoiando as principais diretrizes que o (candidato a vice, Antonio Carlos)Hernandes e eu definimos como prioritárias, que é de manutenção da excelência, inserção com a sociedade", afirmou Agopyan ao Estado, após a divulgação dos resultados. Na campanha, ele defendeu as medidas de ajuste fiscal adotadas por Zago, como os cortes de gastos e planos de demissão voluntária de funcionários.

A reportagem não conseguiu localizar os demais candidatos ontem à noite.

Desafios. Para o ex-ministro da Educação e professor titular da USP, Renato Janine Ribeiro, um dos principais desafios de quem vencer está ligado às finanças. "Zago é uma pessoa de muita competência, mas pegou uma fase que tinha uma crise orçamentária que já vinha de antes", diz. "Outro problema é a questão do teto salarial, que torna a carreira do professor da USP pouco competitiva."

Pela constituição paulista, o professor da USP não pode receber salário mais alto do que o do governador do Estado (R$ 21,6 mil). No caso das universidades federais, o limite é de 90% da remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 33,7 mil). O aumento do teto é reivindicação antiga das universidades paulistas.

Para Janine Ribeiro, outro desafio será recuperar o "clima de diálogo" na universidade, que tem estado "conflituosa".