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Paralisação de professores divide pais em escolas particulares de SP

Filipe Redondo/Folhapress
Imagem: Filipe Redondo/Folhapress

Isabela Palhares

São Paulo

23/05/2018 08h09

A paralisação dos professores da rede particular de São Paulo, marcada para esta quarta-feira, 23, pegou muitos pais e diretores de surpresa. Enquanto alguns colégios decidiram suspender as aulas, outros buscaram soluções para manter pelo menos parte das atividades. As famílias dos alunos se dividem sobre o movimento, que também teve adesão no interior. Há 15 anos a categoria não faz greve no Estado.

Segundo o Sindicato dos Professores (Sinpro-SP), docentes de pelo menos 32 escolas da capital pretendem parar. A categoria aprovou a medida após mais de dois meses de impasse para aprovar a convenção coletiva. O sindicato patronal, Sieeesp, propôs uma série de mudanças em direitos, como redução do recesso escolar do fim do ano e restrição das bolsas de estudos para filhos de professor.

A paralisação foi aprovada mesmo em escolas que anunciaram a manutenção desses benefícios, independentemente da convenção. Os professores dessas unidades dizem temer que, sem o documento, os direitos sejam cortados no futuro. É o caso da Escola Vera Cruz, em Pinheiros, na zona oeste, que suspendeu as aulas após a decisão do corpo docente.

Para a engenheira Mariana Mirella, de 42 anos, mãe de dois estudantes de 10 e 16 anos, os professores do colégio deveriam pensar em outras formas de se manifestar sem prejudicar os pais e alunos. "A escola já disse que vai manter os direitos, então não acho que têm motivos para parar. E, se querem manifestar apoio aos colegas, deveriam buscar outras formas, um ato no sábado."

A advogada Débora Barros, de 41 anos, diz considerar "legítima" a paralisação, mas não dessa forma. Ela tem um filho de 5 anos no Santa Cruz e outro, de 2 anos, no Vera Cruz. "Vou deixá-los com uma parente porque foi a alternativa que encontrei de última hora", reclama. O Santa Cruz, que manterá os benefícios, já informou que o dia letivo será reposto.

Apoio

Em alguns locais, pais até se ofereceram para cuidar dos amigos dos filhos. É o caso da produtora cultural Tamara Perlman, de 36 anos, que combinou com outros pais do Santa Cruz para cuidar de três colegas de sua filha, de 5 anos. "É só uma questão de se organizar, a gente faz isso quando o filho adoece e precisa ficar em casa."

No Colégio Grão de Chão, na Água Branca, zona oeste, os professores avisaram à direção, por carta, sobre a paralisação. Nesta terça-feira, 22,, no horário de entrada dos alunos, pais foram informados sobre a suspensão das aulas.

O engenheiro Luiz Boffa, de 42 anos, diz que vai ficar em casa com a filha de 4 anos. "Neste momento, é mais importante que os professores lutem por seus direitos como categoria."

A psicóloga Cristina Paschoal, de 40 anos, também é simpática ao movimento. "E vou tentar ir ao protesto para dar meu apoio", afirma ela, que tem um filho de 4 anos no Grão de Chão.

Segundo a diretora da unidade, Lucília Franzini, o cancelamento das aulas foi necessário por não saber quantos dos docentes vão aderir. Mas afirma ter achado "desleal" a participação dos professores da unidade, uma vez que a escola vai manter os direitos da última convenção e deu reajuste salarial de 7% para todo o quadro.

Na escola Politeia, também na Água Branca, segundo os professores, apenas pais de dois dos 200 alunos reclamaram da suspensão das aulas. Essas famílias criticaram por não terem sido avisadas com antecedência.

Na Politeia, os docentes convidaram os pais para um debate nesta quarta, pela manhã, sobre a paralisação e a educação no País. O Colégio Equipe, em Higienópolis, na região central, também marcou aula pública para debater o tema. Em outras escolas, como Gracinha, Santa Clara, Escola da Vila, Escola Viva e Oswald de Andrade, as aulas foram suspensas e os pais escreveram cartas abertas de apoio. No Santa Maria, na zona sul, só professores do ensino médio vão parar. Segundo a direção, haverá aplicação de simulado, já previsto no calendário.

Interior

Também houve adesão em colégios privados do interior. Segundo a Federação de Professores de São Paulo, docentes de Campinas, Santos, Ribeirão Preto e Presidente Prudente também devem parar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.