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Páscoa - Cristãos comemoram ressurreição e judeus a liberdade

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

A Páscoa é uma festa móvel do calendário religioso cristão. Para definir a data em que ela cai a cada ano, utiliza-se um sistema de cálculo criado pela Igreja católica. Como regra básica, a Páscoa tem de cair no primeiro domingo após a lua cheia que seguir ao equinócio de primavera no hemisfério norte - geralmente, a 21 de março.

No entanto, a Igreja católica se baseava em projeções sobre os ciclos lunares feitas no início da Idade Média e que já não coincidiam com os movimentos reais do satélite da Terra. Assim a Páscoa depende da chamada "lua cheia eclesiástica".

Durante muitos séculos, os fiéis e os próprios representantes da Igreja católica encontraram muitas dificuldades para entender e explicar a fixação do calendário da Páscoa porque havia uma discrepância muito grande entre as datas.

Somente com a entrada em vigor do atual calendário, o gregoriano, criado pelo papa Gregório 13 (1502-1585), no século 16, é que o domingo de Páscoa passou a cair obrigatoriamente entre 22 de março e 25 de abril.

Páscoa judaica

Convém lembrar que o cristianismo se origina no interior do judaísmo e que esta religião também tem a sua Páscoa. Na verdade, é do hebraico "Pessach" que se origina o termo português "páscoa", o espanhol "pascua", o italiano "pasqua" e o francês "pâques".

Mas a Páscoa dos judeus celebra um evento diferente da dos cristãos. Ela foi instituída na época de Moisés e comemora a libertação do povo de Israel, que fora escravizado pelos egípcios. A palavra "passagem" derivou do termo "pessach" ao longo de muitos séculos. E, nesse sentido, a Páscoa judaica e cristã celebram passagens, respectivamente, do cativeiro à liberdade e da morte à vida.

Agora, você pode estar se perguntando como é que os coelhos e os ovos de chocolate entram nessa história. Pois bem, pela sua grande capacidade de procriar, o coelho tornou-se tradicionalmente um símbolo de fertilidade e, nesse sentido, muito adequado para representar nascimentos e nascimentos. Além disso, várias tradições mitológicas também associam o coelho à Lua e o fato de a lua cheia anterior ao 21 de março determinar a data da Páscoa também relaciona os dois elementos.

Coelhos e ovos

Assim como os coelhos, os ovos também representam o nascimento, por motivos até mais óbvios. Segundo a tradição, os antigos cristãos do Oriente costumavam presentear seus amigos na Páscoa, com ovos coloridos. O costume se difundiu com o cristianismo, chegou a Europa e às Américas.

Ovos reais ou feitos de pedras, devidamente enfeitados e pintados, têm um caráter inegavelmente decorativo e se tornaram comuns na Europa - em especial na Alemanha - no século 18.

Na Rússia, na Páscoa de 1884, Peter Karl Fabergé, o joalheiro oficial da corte, criou um ovo de ouro e pedras preciosas com que o imperador (ou czar, em russo) Alexandre 3o presenteou sua esposa. Os ovos da joalheria Fabergé também se transformaram numa tradição e continuam fabricados até hoje - embora seus preços estejam muito além do que podem pagar as pessoas comuns.

Mas quem sabe não veio daí mesmo a ideia de fazer ovos de um material mais barato, mas muito mais saboroso do que o ouro? Os ovos de chocolate surgiram no início do século 20, como bombons especiais para a comemoração da Páscoa. Diversas tradições culturais foram aproveitadas, então, para incentivar as vendas de chocolate, que os coelhinhos escondem nas casas das crianças, sejam ricas ou pobres.

Tudo isso foi tirando um pouco do caráter religioso da Páscoa cristã, principalmente nas grandes cidades. Na verdade, nos dias de hoje, o aspecto cristão da data comemorativa está mais ligado à sexta-feira que a antecede - a Sexta-feira Santa, que rememora a crucificação de Jesus Cristo. O comércio, a propaganda e o marketing têm se apropriado da Páscoa, da mesma maneira que fizeram com o Natal.