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As intenções do texto (2) - A tese do autor e seus argumentos

Celina Bruniera, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Em As intenções do texto(1) já iniciamos a análise da resenha "Why are so many hungry?". Essa análise tem buscado evidenciar as pistas deixadas pelo autor para materializar sua intenção comunicativa. Reproduzimos a resenha novamente.

Why are so many hungry?
 A Pelican Original

“If it takes you six hours to read this book, somewhere in the world 2, 500 people will have died of starvation or of hunger-related illness by the time you finish.

Why are so many hungry ? Susan George affirms with conviction, and with solid evidence, that it is not because there are too many passengers on ‘Spaceship Earth’, not because of bad weather or changing climates, but because food is controlled by the rich. Only the poor go hungry.

The multinational agribusiness corporations, Western governments with their food ‘aid’ polices and supposedly neutral multilateral development organizations share responsibility for their fate. They all work in cooperation with local elites, themselves nurtured and protected by the powerful in the developed world. United States agripower paves the way, leads the pack and is gradually imposing its control over the whole planet.

Only those fortunate people who can become consumers will eat in the Brave New World being shaped by the well-fed. The standard liberal solutions to feeding the world -- population control or the Green Revolution -- are just what the hungry poor don’t need. All they need is social change, otherwise known as justice. With that, they could, and would, resolve most of their problems themselves.’

                                                               Cover design by John Carrod, photograph by Rod Stone
                                                                                                                               Economics
                                                                                                                                   Science
                                                                                                     Environment and Planning
United Kingdom £ 1,00
Canada $ 2,50
                                                              (back cover of How the other half dies by Susan George)

Já havíamos analisado os dois primeiros parágrafos do texto e deixamos como atividade que você analisasse os dois parágrafos finais. E isso é o que faremos aqui.

Ressaltar evidências
Já dissemos que a tese apresentada por Susan George, autora da obra "How the other half dies" e reproduzida na resenha, é explicitada no segundo parágrafo. Susan George afirma que há muitas pessoas com fome porque a comida é controlada pelos ricos. Tendo deixado clara a posição a ser defendida, o texto caminha no sentido de ressaltar os argumentos e evidências que lhe deem sustentação.

O terceiro parágrafo apresenta as corporações multinacionais de agronegócios, as políticas de "ajuda" dos governos ocidentais e as organizações de desenvolvimento multilateral como responsáveis pelo destino dos pobres, únicos que passam fome. Observe que o uso do advérbio supposedly (supostamente) e do adjetivo neutral (neutras) evidencia uma opinião acerca das organizações de desenvolvimento multilateral.

Ainda nesse parágrafo, vale notar que o adjetivo powerful ganha status de substantivo quando o texto afirma que os responsáveis pelo destino dos pobres trabalham em cooperação com as elites locais e que estas são alimentadas e protegidas pelos poderosos (powerful) no mundo desenvolvido. Aqui o texto revela um recurso discursivo bastante comum, isto é, o uso de nomes (substantivos) para se referir a alguém ou alguma coisa e, dessa forma, revelar como se quer qualificar esse alguém ou essa coisa.

Um último aspecto a ser ressaltado no terceiro parágrafo diz respeito ao uso dos verbos to pavê (pavimentar), to lead (liderar) e to impose (impor) para se referir ao poder exercido pelo setor agrícola norte-americano em relação ao controle da comida ao redor do mundo.

Mundo dos bem-alimentados
No último parágrafo, a resenha apresenta as conclusões a que chega Susan George em seu livro "How the other half dies". A primeira conclusão é a de que terão comida apenas aqueles que puderem se tornar consumidores num mundo desenhado pelos bem-alimentados. Essas pessoas que terão acesso à comida são qualificadas como fortunate people (pessoas com sorte) e viverão no "Admirável Mundo Novo", uma alusão à obra de Aldous Huxley ("Brave New World"), em que as relações sociais se mostram pautadas na completa separação entre os ricos e os pobres e a vida dos ricos é marcada pelos avanços tecnológicos e pela racionalização de todas as esferas da vida. A alusão a essa obra consiste em mais um elemento significativo para nos aproximarmos das intenções do texto.

A segunda conclusão apresentada pela resenha da obra é a de que a Green Revolution (uma revolução na agricultura) não resolveria o problema dos pobres famintos (observe a adjetivação the hungry poor). Essa revolução é caracterizada no texto como uma das típicas soluções liberais para alimentar o mundo (standart liberal solutions to feeding the world). A última conclusão a que chega Susan George é de que para resolver o problema daqueles que têm fome é preciso mudança social (social change), também conhecida como justiça (justice).

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