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Para falar com colegas chineses, alunos de escola carioca escolheram aprender mandarim

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/04/2012 06h00

A escola municipal Bolívar, no Engenho de Dentro, recebeu, em janeiro, a matrícula de dois alunos chineses de 11 anos, do 7º ano, que não falam nada de português. A novidade foi uma ginástica linguística para alunos, professores e coordenadores. 

O professor Xu Lu, 28, chegou no momento certo. Tan Yanyu ficou conhecida como Ana e Tan Zhuoyue, como Alex. Os dois alunos se comunicam pouco, mas já fizeram colegas.

“Os próprios colegas da turma querem aprender a língua. Mas na Bolívar, toda a escola já quer aprender a falar mandarim para se comunicar com os dois chineses”, disse Heloísa Mesquita. Para lidar com os novos alunos, professores de inglês estão a dar atenção integral e apoio para ensinar as matérias do currículo.

A escola integra o programa Ginásio Experimental, da rede municipal carioca, e oferece aulas extras no contraturno escolar. Mandarim é uma das opções, além de artes, música, teatro, robótica para os alunos interessados na área científica. Já os que gostam da comunicação podem escolher laboratório de jornal, literatura, cinema e ainda disciplinas na área de biomédicas como meio ambiente, saúde e veterinária. Os estudantes tem dois tempos de aulas de 100 minutos por semana.

A disciplina de mandarim não reprova, mas serão feitas avaliações periódicas para medir o impacto. Segundo Bárbara Portilho, diretora de uma escola que integra o programa, a ideia é que os alunos tenham mais um recurso para construir seu projeto de vida. “O princípio é que os alunos estão interessados em adquirir o conhecimento e podem escolher de que forma vão complementar a parte diversificada do currículo”, explicou .

Chineses fazem aula de mandarim

Tan Yanyu e Tan Zhuoyue, Ana e Alex, também comparecem às aulas do professor Lu. Quietinhos, ficam sentados nas carteiras das laterais sempre rodeados dos colegas brasileiros. “A escola acolheu os alunos chineses, eles são uma graça”, disse a professora de inglês, Renata Nogueira, que também serve de tradutora para Lu. Apesar da distância cultural e linguística, Yanyu e Zhuoyue já esboçam carinho pelos novos amigos que fizeram e ajudam a ensinar o mandarim junto com o professor. Nas paredes da sala de aula é possível ver o carinho dos colegas brasileiros. Cartazes e desenhos escritos: “Seja bem vindo Xu Lu ao Brasil. Obrigado”.

“Quando pergunto aos estudantes o que sabem sobre a China eles dizem: kung fu”, lembra Lu. “Quero introduzir mais aspectos sobre a China. Eles gostam da minha aula, é muito legal. Uma vez uma aluna minha da Bolívar me mostrou ‘eu gosto de você’ em mandarim. Perguntei surpreso como eles tinham aprendido a escrever, e foram os alunos chineses que ensinaram”.

Xu Lu considera a iniciativa de lecionar uma língua oriental para estudantes da rede pública uma experiência positiva. “Os estudantes são muito interessados porque eu também sou estrangeiro. Eu sempre converso com eles e me perguntam coisas muito boas”. 

Convênio

Em outubro de 2011, a rede municipal de ensino carioca recebeu a oferta do Instituto Confúcio de material didático e um professor do idioma para dar aulas de mandarim no Programa Ginásio Experimental nas escolas do Rio que cumprem horário integral. 

O jovem professor é Xu Lu, 28, que está há apenas dois meses morando no Rio de Janeiro e deve ficar por mais dois anos. Xu Lu estudou na Universidade Normal de Si Chuan, província da China, e se dedica a ensinar mandarim e a difundir a cultura chinesa pelo mundo.

A proposta do Instituto Confúcio encaixou na meta de ampliar as gamas de eletivas para os alunos. “Perguntamos aos alunos se interessava. O professor chinês vai ficar dois anos em três escolas e vamos avaliar. Se valer a pena, aprofundaremos a parceria”, diz Heloísa Mesquita, coordenadora da Secretaria municipal de Educação. São 100 minutos de mandarim por semana no período da tarde.

55 Comentários

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ERDB

Parece que não entenderam meu comentário. Invasão de chineses, de carros e gente, a tal ponto de já ensinarmos mandarim nas escolas.

Jaguaracy Conceição

Não entendi os comentários negativos postados em relação ao mandarim. Será que estão temendo uma invasão da China ao nosso corrupto país. Lá, pelo menos os corruptos recebem o merecido castigo.


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