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Carretas viram laboratórios de cursos técnicos públicos

ASCOM/IF-MS
Imagem: ASCOM/IF-MS

Camila Rodrigues

Do UOL, em São Paulo

28/06/2012 06h00

Quarenta carretas vão servir de laboratórios móveis para as os cursos a distância dos 38 IFs (Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia) e dos Cefets (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Elas serão parte da estrutura da Rede e-Tec Brasil, programa do MEC (Ministério da Educação) de EAD (Ensino a Distância) para educação profissional, que conta com mais de 75 mil alunos. Até então, as atividades práticas eram realizadas em instituições públicas ou particulares dos arredores dos polos que ofertam os cursos.

O que é a Rede e-Tec Brasil


É um sistema para oferta cursos técnicos de nível médio a distância, públicos e gratuitos, em regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e municípios, que devem providenciar estrutura, equipamentos, recursos humanos, manutenção das atividades e demais itens necessários. O MEC é responsável pela assistência financeira. Os cursos têm duração de dois anos e são destinados aos estudantes que concluíram o ensino médio. Os alunos usam uma plataforma virtual de ensino e participam de encontros presenciais semanais, orientados por tutores.

Segundo o MEC, cada caminhão tem capacidade para 18 pessoas e, além de bancadas e armários, seu interior é equipado para atender a diferentes formações. Ao instituto cabe instalar ar condicionado, rede de internet sem fio e televisão na carreta, quando necessário, afirmou Angelo César Lourenço, coordenador do curso de automação industrial do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul).

“O material de cada disciplina é oferecido em kits, que são como maletas: é só abrir e realizar a programação das aulas. Cada uma das malas tem processos pré-configurados, que simulam o que acontece na indústria. É possível fazer mais de 30 experimentos, com dificuldades progressivas”, explica Lourenço.

No IFMS, por exemplo, existem duas maletas para as aulas de automação industrial, o primeiro curso a ser beneficiado pelo novo laboratório. De acordo com o coordenador do curso, a primeira é usada para o estudo da pneumática, eletropneumática e automação pneumática, área da ciência que lida com a compressão do ar e de gases. A outra serve para o curso de controladores lógicos programáveis e contém simuladores de sistemas de transporte, de partida de motores, semáforos e outros dispositivos.

Segundo Lourenço, os próximos cursos a serem atendidos pela carreta serão edificações e manutenção e suporte em informática. O caminhão também poderá auxiliar as atividades de cursos presenciais.

Um terço do custo de laboratório convencional

A compra e a montagem de cada caminhão-laboratório custou R$ 680,4 mil, segundo dados do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Ao todo, foram castos cerca de R$ 27,2 milhões no projeto. Mesmo com estes valores expressivos, a carreta é uma alternativa econômica, comparada à instalação de laboratórios convencionais em todas as unidades de EAD, uma vez que o caminhão pode transitar de polo em polo.

A reportagem do UOL fez uma estimativa de quanto custaria instalar os mesmos equipamentos do caminhão em cada um dos sete polos atendidos pelo IF-MS, nos municípios de Anastácio, Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

Como o IFMS foi inaugurado somente em 2011, buscou-se informação do custo dos laboratórios com o IFSP (Instituto Federal de São Paulo).

Para a montagem de um laboratório de pneumática, são necessárias seis bancadas com custo médio de R$ 40 mil para cada equipamento, totalizando R$ 240 mil. Já no laboratório de controladores lógicos programáveis, também com seis bancadas, o custo de cada uma é de R$ 20 mil, com total de R$ 120 mil. Cada um deles teria capacidade para cerca de 20 pessoas, segundo a assessoria do IFSP.

Ao somar o valor dos dois laboratórios e multiplicar pelos sete polos, estima-se que seria necessário investir cerca de R$ 2,5 milhões somente no IFMS. Esse valor é 3,7 vezes o que foi gasto com o caminhão.