Matrículas em cursos técnicos públicos a distância crescem 162% em um ano

O número de matrículas de cursos técnicos a distância públicos, oferecidos pela Rede e-Tec Brasil, aumentou 162%, passando dos 28,8 mil alunos em 2010 para 75,4 mil em 2011, segundo dados do MEC (Ministério da Educação). No mesmo período, os cursos profissionalizantes presenciais oferecidos pelas instituições federais, estaduais e municipais tiveram crescimento de 12,4% nas matrículas – de 537,6 mil para 669,7 mil.

Segundo o MEC, o crescimento do número de matrículas no ensino a distância veio acompanhado de mais polos presenciais, que passaram de 291 em 2010 para 543 em 2011.

Esse aumento é reflexo da estratégia de expansão do ensino profissionalizante do governo federal, formalizada com a criação do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). Além da expansão do ensino público, a iniciativa inclui formas de financiamento e parceria com instituições privadas.

O professor de metodologia de ensino da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) Nelio Bizzo avalia que o crescimento de matrículas no ensino técnico a distância atende a “uma demanda historicamente reprimida”.

“Há muitas décadas existe educação profissional a distância no Brasil, mas ela sempre foi oferecida sob a forma de cursos livres por instituições privadas. O crescimento explosivo do último ano é preocupante, pois toda aceleração exagerada tende a rebaixar os controles e a qualidade do ensino. Mas, feita esta reserva, não vejo motivos para alarme”, aponta.

Procurado pela reportagem, o MEC não comentou o assunto.

Modalidade presencial tem mais opções

Apenas dentre os cursos oferecidos pelos 38 IFs (Institutos Federais), há 2.343 opções diferentes na modalidade presencial, segundo o Sistec (Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica). Em EAD, a oferta é de 49 cursos, entre eles automação industrial, biocombustíveis, construção naval e segurança do trabalho. Veja aqui a lista completa dos cursos técnicos a distância.

Aluno de EAD deve saber estudar sozinho

Para o professor da Faculdade de Educação da USP e coordenador do curso de especialização a distância para professores da rede pública de São Paulo, Marcelo Giordan, o ensino a distância exige certas habilidades dos estudantes.

“O aluno de EAD deve estar preparado para ser autodidata ou ter competências para o autoestudo, como organização espacial e temporal das tarefas do curso. E, de modo geral, a formação no ensino fundamental não é suficiente para promover a autonomia do aluno”, afirma.

O que é a Rede e-Tec

A Rede e-Tec é um sistema para oferta cursos técnicos de nível médio a distância, públicos e gratuitos, em regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e municípios, que devem providenciar estrutura, equipamentos, recursos humanos, manutenção das atividades e demais itens necessários. No final de 2011, o Sistema S (Sistemas nacionais de aprendizagem, que inclui Senai e Senac, por exemplo) também passou a integrar essa rede. O MEC é responsável pela assistência financeira.

Os cursos têm duração de dois anos e são destinados aos estudantes que concluíram o ensino médio. Os alunos usam uma plataforma virtual de ensino e participam de encontros presenciais semanais, orientados por tutores.