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Cresce número de estrangeiros em programa de intercâmbio da USP

O francês Olivier Dhavid, há um ano e meio na USP, faz estágio e pensa ficar para o mestrado - J. R. Penteado/UOL
O francês Olivier Dhavid, há um ano e meio na USP, faz estágio e pensa ficar para o mestrado Imagem: J. R. Penteado/UOL

J. R. Penteado

Do UOL, em São Paulo

23/02/2013 06h00

Fruto do aumento da importância do Brasil no cenário internacional ou da crise nos países desenvolvidos, o fato é que o número de alunos estrangeiros estudando na mais renomada universidade do país, a USP (Universidade de São Paulo), tem crescido de forma constante nos últimos quatro anos.

Em 2009, eram 690 os estudantes que faziam intercâmbio na universidade. Em 2012, esse número saltou para 1088. Neste ano, o ritmo se acelerou e agora são 1427, um aumento de 31% em relação ao ano passado. O balanço, no entanto, é provisório, pois as matrículas ainda estão em andamento e a universidade costuma receber mais estudantes no segundo semestre.

No mesmo período, a quantidade de estudantes brasileiros da USP enviados ao exterior teve um crescimento parecido: eram 926 em 2009 e 1200 no ano passado.

De acordo com a VRERI (Vice-Reitoria Executiva de Relações Internacionais) da USP, o crescimento levou a reitoria a orientar que todas as unidades da universidade criassem escritórios próprios de relações internacionais para mediar os intercâmbios com instituições estrangeiras.

Segundo a USP, além do aumento do interesse pelo país, outro fator que contribuiu para o maior fluxo de intercambistas foi o fato de universidades mais tradicionais, como as dos Estados Unidos e do Reino Unido, terem ficado mais caras. Também pesou o aumento no número de convênios fechados entre as unidades da USP com universidades estrangeiras e a boa colocação da universidade nos rankings que medem a qualidade de instituições universitárias no mundo. No ano passado, a USP ficou em primeiro lugar em uma lista das melhores universidades da América Latina.

Gringos

O estudante Jarryns Cabezas, 22, veio de Lima, no Peru, onde fazia curso de Produção, Qualidade e Marketing na PUC (Pontifícia Universidade Católica) local. Chegou a São Paulo no dia 15 de fevereiro e diz pretender ficar entre 6 a 7 meses, assistindo aulas na Escola Politécnica.  “A USP é uma universidade importante, com um reconhecimento mundial. É a primeira no ranking do continente. Amigos que estudaram aqui antes me recomendaram”, disse, justificando a sua escolha pela USP. Sobre a estadia no Brasil, ele contou ter boas expectativas. “Espero aprender muito, f­azer amigos, e viver as diferenças culturais.”

  • J. R. Penteado/UOL

    A posição da USP como a melhor universidade da América Latina atraiu a chilena Gabriela Morales, 23, que veio com o namorado, Augustín Benavides

Luis Duarte, 23, veio de Portugal, onde estudava Engenharia Informática na Universidade da Madeira.  “Queria fazer intercâmbio em um lugar mais longe possível das minhas origens. Resolvi então vir para o Brasil, e para a USP, que é bastante reconhecida mundialmente.” Duarte também falou que planeja um tempo de estadia entre 6 a 7 meses. “Quero fazer quatro matérias e depois tirar um tempo para conhecer o país.”

A chilena Gabriela Morales, 23, veio da Universidade de Valparaíso, no Chile, onde fazia Engenharia de Produção.  Ela não chegou sozinha – está acompanhada de seu namorado, Agustín Benavides, que também faz intercâmbio. Gabriela é outra que menciona o bom posicionamento da USP no ranking de universidades. “A USP é a primeira da América Latina e isso contou muito. Também tenho amigos que estiveram aqui no ano passado e que me recomendaram. Disseram que as aulas e os professores eram muito bons.” As recomendações, porém, não se restringiram somente à natureza acadêmica da instituição. “Contaram para nós que aqui tem festas toda quinta, sexta e sábado. Estamos esperando para ver.”

O francês Olivier Dhavid veio da cidade de Lille, na França, mas há mais tempo - está na USP há um ano e meio. Lá, estudava engenharia na universidade Centrale Nantes. “Vim porque é a melhor universidade da América Latina e também para poder aprender outra língua”, revela. O fato de o Brasil viver um crescimento econômico também foi um atrativo. “Aqui faço estágio em uma pequena empresa que faz túneis, e projetos na área de engenharia civil não faltam. Isso se deve ao bom desenvolvimento do país”. Apesar de criticar um pouco a “desorganização” local, Olivier diz que gosta da sociabilidade dos brasileiros, e pensa até em estender sua estadia, que inicialmente seria até julho deste ano. “Gosto muito da universidade, os professores são muito bons. Tenho até pensado em fazer mestrado e doutorado por aqui”, conta.

Boas-vindas

Para recepcionar e auxiliar os intercambistas de outros países que chegam à Poli, alguns estudantes criaram o Escritório Politécnico Internacional, conhecido como “iPoli”. “Nosso papel é o de receber os alunos estrangeiros, auxiliar com documentos, dar informações e até ajudar a inseri-los socialmente. Fazemos coisas como buscar no aeroporto e organizar passeios pelo centro da cidade”, conta Giulia Avallone, 18, uma das integrantes do iPoli. A entidade também assiste os estudantes brasileiros que queiram estudar no exterior. “Agora mesmo estamos organizando uma semana de palestras, onde vamos explicar aos alunos que queiram estudar fora quais os procedimentos que eles devem tomar”, revela.