Com debate sobre gênero, Plano Municipal de Educação é aprovado em Curitiba
Os vereadores de Curitiba aprovaram nesta terça-feira (23) o PME (Plano Municipal de Educação) da cidade. Das 63 emendas apresentadas na primeira discussão, realizada ontem, 70% delas diziam respeito às questões de gênero e diversidade. O tema, portanto, tomou conta do debate, que foi acompanhado por grupos evangélicos e membros do movimento LGBT.
Todas as expressões ‘’gênero’’ e ‘’diversidade’’, presentes ao longo das 23 páginas do documento, foram retiradas. A impressão de cartilhas sobre diferenças de gêneros, por exemplo, foi uma das sugestões censuradas. Os vereadores disseram que as alterações foram feitas porque o projeto municipal deveria estar em consonância com PNE (Plano Nacional de Educação).
“Em Brasília foi aprovado um PNE sem questões de identidade de gênero. E aqui em Curitiba aparece um plano fora desses padrões. Será que acham que a gente é burro?”, falou Valdemir Soares (PRB) durante a votação desta segunda-feira (22).
Já a vereadora Noemia Rocha (PMDB) disse que a escola não deve interferir no que ela ensinou em casa. “Eu eduquei minhas filhas com base nos valores eternos, com base na minha fé, e acho um absurdo a escola dizer que está errado”.
A vereadora Professora Josete (PT) foi a única a pedir a permanência dos termos ‘’gênero’’ e ‘’diversidade’’ no plano. ‘’É preciso evitar que a emoção seja a nossa primeira reação, porque a escola deveria ser um lugar acolhedor. Nós acompanhamos a evasão de alunos por diversas questões. Violência doméstica é um exemplo. Jovens que têm orientação sexual fora do padrão também, pois ele é discriminado e sai da escola’’, disse.
Durante a votação de ontem, diversas pessoas fizeram protestos na frente da Câmara de Vereadores de Curitiba. De um lado, havia grupos com cartazes em prol da diversidade e, do outro, pessoas pedindo a ‘’preservação da família’’.
Estratégias
O PME, que prevê melhoras na educação municipal nos próximos 10 anos, tem 26 metas e 337 estratégias. Apesar disso, a meta “Diversidade, Educação e Direitos Humanos”, que também aborda os direitos dos negros, indígenas, mulheres, ciganos e pessoas em conflito com a lei, foi a única que gerou debate. O plano foi encaminhado para a sanção do prefeito da cidade, Gustavo Fruet (PDT).
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