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Tabaco - Brasil é o maior exportador mundial

Ronaldo Decicino

No Brasil, o fumo já era conhecido como cultura nativa antes mesmo do descobrimento. No século 18, o marquês de Pombal regulamentou o plantio e a comercialização do tabaco. Posteriormente, Rui Barbosa, primeiro ministro da Fazenda no período republicano, transformou o fumo em uma das principais fontes tributárias do Estado, ao instituir as bases do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de fumo para cigarros no mundo. Do total do tabaco plantado em 103 países, mais de 10% é cultivado em terras espalhadas pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ficamos atrás apenas da China, que produz 41% do total produzido no mundo.

A exportação da folha apresenta números ainda mais impressionantes: o Brasil é o primeiro no ranking internacional. Fora isso, o país ocupa o terceiro lugar mundial na escala de tributação sobre cigarros.

Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul é o estado que apresenta maior produção de fumo em folha. Sua produção era de 278.928 toneladas, na média, entre 1998 e 2000, passando a 320.034 toneladas, na média, no período de 2001 a 2003, e contabilizando 462.014 toneladas, na média, entre 2004 a 2007, o que representa 51,12% da produção nacional.

No Rio Grande do Sul, a cultura é típica de pequenas propriedades e a maior produção está localizada no entorno das indústrias de transformação e beneficiamento. A região do Vale do Rio Pardo é a maior produtora do estado, com mais de 182.000 toneladas, ou seja, 39,2% da produção gaúcha, destacando-se, na região, três dos cinco maiores municípios produtores do estado: Venâncio Aires, com 25.207 toneladas, Candelária, com 22.137 toneladas, e Santa Cruz do Sul, com 16.709 toneladas.

Outras duas regiões do estado possuem produção significativa: Centro-Sul, com 73.247 toneladas, e Sul, com 60.269 toneladas. Saliente-se, nessa última região, os municípios de Camaquã, 19.954 toneladas, e Canguçu, 22.482 toneladas.

Fumicultores

Essas cifras talvez expliquem por quais motivos o Brasil, embora tenha assinado o protocolo da Organização Mundial de Saúde - que propõe erradicar o plantio de fumo -, ainda nada fez para que as mais de 150 famílias brasileiras que sobrevivem cultivando tabaco passem a desenvolver outra cultura - mesmo sabendo-se que o tabaco pode fazer muito mal para quem planta.

Os fumicultores representam o elo mais fraco na produção do cigarro: ganham pouco, intoxicam-se com adubos e inseticidas e vivem submetidos às vontades das grandes indústrias do tabaco. A cada safra anual, conseguem faturar o correspondente ao mínimo necessário para se sobreviver.

Os fumicultores não podem acompanhar o processo de classificação do tabaco plantado, pois quem o faz é a indústria. Assim, o agricultor nunca sabe exatamente quanto vai receber pela colheita. As contas só são apresentadas aos fumicultores depois que o fumo foi classificado e foram descontados todos os custos com sementes, adubos, inseticidas, etc, que só podem ser fornecidos pela indústria a título de antecipação, antes mesmo de ser atribuído o valor da safra.

Esses trabalhadores ainda convivem com o risco de contaminação causada pelos fungicidas e inseticidas utilizados durante o plantio. Alguns fungicidas incluem em sua composição o manganês, que pode provocar sintomas semelhantes ao do mal de Parkinson.

Em certas regiões, os fumicultores trabalham sem camisa; colhem as folhas e as prendem sob as axilas, para depois formar rolos. Dessa forma, os níveis de absorção de substâncias tóxicas através da pele são muito altos, e acabam resultando em mal-estar, vômitos e dor de cabeça. Segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), há também a ocorrência de um grande número de casos de depressão.

Combate ao fumo

Entre as medidas de combate ao fumo no Brasil destacam-se: fixação dos limites máximos dos teores de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono nos cigarros comercializados; proibição do uso de descritores de produtos (como ligth, ultra light, suave, baixos teores, etc.); proibição da propaganda dos produtos derivados do tabaco na mídia falada, escrita e eletrônica; inclusão, nos maços dos produtos derivados de tabaco, de imagens e mensagens de advertência sobre os malefícios do fumo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu a data de 31 de maio como o "Dia Mundial sem Tabaco", buscando consolidar os substanciais avanços alcançados durante a década de 1980 na área de políticas públicas e campanhas voltadas à prevenção e ao combate ao fumo.

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