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Universidades de verão oferecem estudo e ócio

Inmaculada Tapia<br>Da EFE

28/09/2004 16h08

A cada ano, quando o período letivo chega ao fim, estudantes e pós-graduados de todo o mundo continuam indo às aulas com gosto. Isso porque os cursos de verão têm seduzido alunos que buscam a ampliação do conhecimento ao tempo em que mantêm um espaço para o descanso e o ócio.

O objetivo das universidades de verão é construir debate, opinião, gerar um ambiente onde a cultura, a economia, a sociologia e a ciência circulem sem necessidade de ter que anotar.

Uma quantidade enorme de alunos procedentes de todos os pontos do mundo passam pelas salas da Universidade Menéndez Pelayo de Santander (Espanha), a Universidade de verão de El Escorial em Madri, Guatemala, México, Harvard em Boston, Princenton em Nova Jersey, Cambridge na Grã-Bretanha e muitas outras em diversos países da Europa e América.

Os cursos oferecem a oportunidade de receber aulas das figuras mais destacadas de cada campo. Mas as atividades divisórias aos cursos oferecem um sem fim de oportunidades de ócio a que desfrutam das classes: shows, praia, esportes, cinema, teatro, poesia, atividades de todo tipo.

Cada uma delas exerce uma singular concorrência sobre as demais tentando criar uma programação atrativa para o maior número possível de alunos e além disso, que os cursos os ministrem as pessoas mais credenciadas e relevantes na matéria.

Em termos de informação se convertem em uma fonte de notícias inesgotável, seja qual for o tema. Personalidades relevantes da política, da cultura, da ciência e da economia desfilam por seus corredores realizando declarações que afetam matérias que sempre dizem respeito ao cidadão comum ou que despertam certa controvérsia.

Segundo dados da Universidade Politécnica da Catalunha, "quase 30% são profissionais, com média de idade de 25 anos. Além disso, dois terços são mulheres e um terço, homens", disse o reitor Jaume Pagés.

Universidade internacional
A Universidade Internacional de Verão de Santander (Cantábria, no norte da Espanha) foi criada em 23 de agosto de 1932. Os cursos começaram em 1933, sob o Reitorado de Ramón Menéndez Pidal (e de Blas Cabrera durante 1934, 1935 e 1936) e a Secretaria Geral de Pedro Salinas. Já naquela época a Universidade Internacional desenvolveu uma intensa atividade acadêmica e cultural que aglutinou as personalidades mais eminentes da intelectualidade da época.

O reitor da Universidade Internacional Menéndez Pelayo, José Luis García Delgado, destacou que o programa dos cursos de verão deste ano dá prioridade à ciência e à pesquisa.

O segundo objetivo dos cursos se centra "no ativo mais importante da Espanha, que é o idioma e o patrimônio cultural" com o objetivo de "expandir e internacionalizar a língua e cultura espanholas ".

Em relação ao ano passado, o reitor revelou que se alcançou a cifra de 6.670 alunos, aos que é preciso somar 1.380 alunos estrangeiros, com um total de 8.050 alunos. Deles, 82% eram universitários formados, frente a 18% de estudantes de primeiro e segundo ciclo; 53% eram mulheres, contra 47% de homens; e 21% eram menores de 25 anos, enquanto 79% estavam acima dessa idade.

O Palácio de La Madalena é, desde sua fundação, a sede da Universidade Menéndez Pelayo. Construído na península do mesmo nome, o Palácio foi doado pela cidade de Santander ao rei Alfonso XIII em 1912, e atualmente é a Prefeitura de Santander, que o põe a disposição da Universidade.

Na península da Madalena se encontra também a Residência da Praia, construída em 1914 como Cavalariças Reais, onde atualmente convivem alunos espanhóis e estrangeiros durante o período letivo, e cujo paraninfo serve de marco a boa parte das atividades cênicas e culturais feitas cada verão.

Os Cursos de Língua e Cultura Espanholas para Estrangeiros são também uma parte essencial da programação da Universidade, e gozam de longa tradição, grande prestígio e máximo reconhecimento acadêmico, reunindo cada ano mais de mil alunos.

A maioria das universidades espanholas organizam cursos de verão de uma ou outra índole. A de Sevilha, por exemplo, organiza a Universidade Hispanoamericana de Santa María de la Rábida e dedica estas semanas a cursos centrados nos problemas ibero-americanos.

Línguas africanas em Lisboa
A maior parte das universidades de todo o mundo aproveitam a época estival para ministrar cursos e formar centros de intercâmbio cultural com alunos de todos os continentes.

Por exemplo, as línguas africanas das antigas colônias lusitanas, o latim e o árabe são as matérias que serão ministradas nos cursos deste verão da Universidade Lusófona de Lisboa (Portugal).

Essa universidade é uma instituição mista pública e privada, que se fundou em 1991 e atualmente, com quase mil docentes, divide umas 50 licenciaturas acadêmicas a cerca de 15 mil alunos portugueses, a maior parte do continente europeu e procedentes de países de fala portuguesa.

O quimbundo e o umbundo de Angola, o ronga de Moçambique, os dialetos crioulos de Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé, o tetum de Timor Este, serão alguns dos 13 idiomas estudados este verão em suas salas universitárias.

Além do ensino idiomático, nesta universidade de Lisboa se desenvolvem aspectos relacionados com a comunidade portuguesa internacional como a emigração, a cidadania, os novos mitos portugueses e os acordos ortográficos para o português escrito.