Professores de Natal (RN) entram em greve; rede tem 55 mil alunos
Os professores da rede municipal de Natal decidiram entrar em greve a partir desta sexta-feira (30). A decisão foi tomada em assembleia da categoria, realizada ontem (29). Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Rio Grande do Norte, os professores querem uma correção salarial de 22,22%, mesmo percentual aprovado para o piso nacional da categoria, além de outras reivindicações. A prefeitura ofereceu 10% de reajuste.
Com a decisão, 55 mil alunos podem ficar longe das salas de aula por tempo indeterminado. Segundo a coordenadora geral do Sindicato, Fátima Cardoso, a categoria tem uma série de reivindicações acordadas, mas que não teriam sido cumpridas pela prefeitura. Entre as críticas está a falta de concurso para professores.
“Achamos a proposta financeira insuficiente. Queremos que o governo avance, não só no campo de salário, mas nas condições de trabalho. Hoje temos as escolas e prédios sucateados. Falta material didático nos centro de educação infantil. Além disso, os educadores que têm jornada integral têm que dar 10 horas de trabalho, pois no horário do almoço eles cuidam das crianças. As promoções do ensino fundamental, que deveriam ser pagas em janeiro, sequer foram publicadas. Temos outra situação de extrema gravidade, que é o excesso de alunos em sala de aula”, disse.
A coordenadora disse ainda que os professores foram às escolas nesta sexta-feira para informar aos pais e alunos da paralisação. “A partir de segunda-feira não deveremos ter mais professora na sala de aula. Nós teremos um greve forte, com participação acima de 85%”, finalizou.
Outro lado
Segundo o secretário Municipal de Educação, José Walter dos Fonseca, a prefeitura já negociou com a categoria sobre a data-base, que teria aceito o reajuste de 10%. Por conta do suposto acertado, não haverá nova negociação com os servidores, e a órgão encaminhou a documentação à Procuradoria Geral do Município, para que ingresse com ação na Justiça pedindo a ilegalidade da paralisação.
“Não existe mais negociação. Existiu por dois meses, desde dezembro. Na hora que rechaçaram o diálogo e decretam greve, acabou a negociação. A Secretaria dialogou com o sindicato sobre a questão do reajuste, justamente para evitar essa greve, que há 10 anos já faz parte do calendário. Eles pediram 22,22%, mas mostramos que era inviável, porque o município de Natal, sem o reajuste, paga R$ 2.226, ou seja, 87% acima do antigo piso. Como o novo piso nacional vai para R$ 1.451, com o nosso reajuste de 10% nosso piso irá para R$ 2.448,60, ou seja, ainda bem acima do valor nacional”, afirmou.
O secretário ainda confirmou que conversou sobre outras reivindicações, mas que elas estão sendo atendidas. “Além do reajuste, também negociamos outros pontos, que foram acordados e estão sendo cumpridos. Desses, já cumpri dois ou três itens. E para minha surpresa, o sindicato decretou essa greve”, disse.
Segundo Fonseca, a prefeitura não tem caixa suficiente para bancar um reajuste maior que os 10% ofertados, percentual que está acima da inflação. “Seria inviável. Não há receita, pois a folha dos docentes hoje é superior a R$ 8 milhões. Nós gastaríamos quase R$ 2 milhões, o que não é possível e feriria a Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.