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Governo não altera proposta para professores universitários e enviará projeto ao Congresso

Wellton Máximo

Da Agência Brasil, em Brasília

01/08/2012 23h17

Sem ceder às pressões dos professores das universidades e dos institutos federais, o governo enviará ao Congresso Nacional a proposta de reajuste salarial e de reestruturação do plano de carreira apresentada na semana passada. O anúncio ocorreu hoje (1º) à noite depois de quase três horas de reunião no Ministério do Planejamento e representantes das entidades da categoria, em greve há 77 dias.

Das quatro entidades que representam os docentes federais de ensino superior, três se recusaram a firmar acordo com o governo. Apenas a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes) aceitou a proposta, que prevê reajustes de 25% a 40% e diminuição do número de níveis de carreira de 17 para 13.

Amanhã (2), o Proifes assinará o acordo com o governo que ratifica o fim das negociações. O governo não pretende atender a reivindicações adicionais. “Chegamos ao limite do que achávamos possível. Os ajustes já ocorreram ao longo das discussões. A proposta é boa, adequada e tem impacto de R$ 4,2 bilhões no Orçamento”, declarou o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

O secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação, Amaro Lins, disse acreditar que, a partir da próxima semana, as universidades federais começarão a retomar as atividades. No entanto, as três entidades que se recusaram a ratificar o acordo pretendem continuar com a greve.

“Infelizmente, governo escolheu um lado para assinar o acordo. Vamos continuar firmes na greve e vamos intensificar a luta porque a indignação da categoria vai crescer muito”, destacou a presidenta do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Marinalva Oliveira. Segundo ela, o governo se recusou a negociar outras reivindicações da categoria, como a remoção de barreiras para a progressão no plano de carreira e a melhoria das condições de trabalho.

O coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), Gutemberg de Almeida, também criticou o que considera intransigência do governo. “Ao anunciar que vai assinar um acordo com uma entidade que não representa a maioria dos docentes, o governo ignora a categoria. Não compactuamos com esse tipo de postura, que contraria uma promessa de campanha do governo Dilma, que é a valorização da educação”.

Além da Andes e do Sinasefe, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) rejeitou a proposta. O presidente do Proifes, Eduardo Rolim de Oliveira, rechaçou as alegações de que a entidade não representa os docentes de nível superior. Segundo ele, a federação participou da assinatura de dois acordos, em 2007 e no ano passado. “O acordo de 2007 foi o melhor que os professores tiveram até hoje”.

De acordo com Oliveira, os professores conseguiram alcançar conquistas significantes com a greve, como o reajuste mínimo de 25% e a diminuição dos níveis de carreira. Ele apresentou uma pesquisa do Proifes com 5,2 mil professores de 43 universidades e institutos federais na qual 74,3% dos entrevistados responderam favoravelmente à proposta

2 Comentários

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Nair1

A proposta é boa e adequada... Para quem? Para o governo, é claro! É preciso saber que os servidores federais da educação não estão querendo aumento salarial, querem pelo menos a reposição da inflação dos últimos anos, data-base para reajuste, investimento de 10% do PIB na educação, melhores condições de trabalho... É divulgado que o governo está propondo reajustes de 25 a 40% e diminuição de 17 para 13 níveis na carreira. Isso parece ótimo, por que os docentes não aceitam? O que a imprensa não divulga é que esses percentuais serão pagos apenas em 2015 (o que não cobre nem as perdas decorrentes da inflação) e que a redução de 4 níveis na carreira aumenta o tempo de chegada dos docentes ao topo da tabela, uma vez que com 17 níveis a progressão ocorre a cada 18 meses e com 13 passa a ocorrer a cada 2 anos. E mais: cadê a proposta para os Técnicos Administrativos, a definição de data-base e o aumento do investimento do PIB na educação?

Thiago Santos

O PROIFES só faz atrapalhar tudo. Como pode o governo para as negociações se uma de quatro entidades aprovavam as mudanças? Nessas horas lembro do grande Raul Seixas, quando disse sabiamente em uma de suas letras: Quando acabar o maluco sou eu. Na versão de hoje, seria melhor dizer "quando acabar o maluco é o professor". Sou professor Adjunto indignado na UFOP.


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