Apesar de crescer nos anos iniciais, Ideb preocupa no final do fundamental e no ensino médio
Nesta terça-feira (14), o MEC divulgou o "boletim" da educação brasileira. O resultado, apesar do crescimento em todos os ciclos avaliados, ainda é preocupante pois demonstra que a qualidade do ensino avançou pouco em termos educacionais.
As notas dos anos finais (6º-9º anos) do ensino fundamental (4,1) e do ensino médio (3,7) cresceram apenas 0,1.
"Nos anos finais, também superamos a meta. Continua uma trajetória de crescimento consistente, é um resultado bastante significativo, mas não teve a mesma velocidade dos anos iniciais", afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Educação) em coletiva na tarde desta terça (14).
Ideb 2011 - Brasil
Índice | Meta | |
1º-5º ano fundamental | 5,0 | 4,6 |
6º-9º ano fundamental | 4,1 | 3,9 |
Ensino médio | 3,7 | 3,7 |
Em 2011, os anos finais "tiraram" 4,1, contra 4,0 em 2009, 3,8 em 2007 e 3,5 em 2005. Ou seja: a cada etapa, a nota tem crescido menos. Mesmo assim, em 2011, a etapa cumpriu a meta, que era de 3,9.
Em 2009, o Ideb para o ensino médio foi de 3,6, apenas 0,1 acima da meta daquele ano (que era 3,5). Em 2011, o resultado foi exatamente igual à projeção. Se continuar nesse ritmo, dificilmente o ensino médio conseguirá escapar da "reprovação" na avaliação de 2013, quando precisará ter crescido 0,2 ponto e chegar a 3,9.
O ciclo que manteve o ritmo foi fundamental 1: 0,4 ponto. A nota nos anos iniciais (1º - 5º anos) chegou a 5, numa escala de zero a dez - na última edição, em 2009, a nota tinha sido 4,6.
"O crescimento é muito pequeno", afirma Romualdo Portela de Oliveira, pesquisador e professor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ele, há dois fatores que precisam ser levados em conta na análise dos dados e que minimizam a importância desse aumento no Ideb. O primeiro deles é que as condições sócio-econômicas dos alunos influenciam "fortemente" os resultados e a economia do país cresceu nos últimos anos. E, depois, à medida que o Ideb se torna conhecido e ganha importância, a tendência é que a atenção sobre ele ajude a melhorar os resultados das escolas.
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Ensino médio
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O ensino médio ainda se mostra a etapa mais crítica. "O ensino médio sofre de carências que vêm se acumulando, principalmente com a população mais pobre. A falta de um padrão mínimo de qualidade também atinge essa etapa escolar", afirmou Luiz Araújo, colaborador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Os resultados do ensino médio mostram que nove Estados tiveram redução das notas: Acre, Maranhão, Espírito Santo, Pará, Alagoas, Paraná, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul. Em 2009, a diminuição das notas foi verificada apenas em Roraima e no Distrito Federal.
A diretora-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, é enfática: "o Brasil não consegue avançar [nessa etapa]", lembrando que há avanços a serem comemorados nos anos iniciais.
Para Romualdo Portela Oliveira, as notas do ensino médio, assim como as dos anos finais do fundamental, "evidenciam problemas acumulados, não necessariamente nessas duas etapas". Caso contrário, o progresso visto nos anos iniciais deveriam aparecer também nessas etapas de ensino.
Fundamental 2, o "nó invisível"
Para Priscila Cruz, os últimos anos do ensino fundamental são a etapa mais desassistida. Segundo ela, existe uma crise de identidade porque nem é exclusivamente municipal, nem é exclusivamente estadual como é o caso dos fundamental 1 (predominantemente municipal) e do ensino médio (que é estadual, em sua maioria).
"[Essa etapa] é o nó invisível: a evasão se intensifica, a repetência aumenta e ganho de conhecimento perde fôlego", afirma Priscila. "[O fundamental 2] está espremido, a gente tem que dar uma atenção especial à essa etapa."
Segundo ela, não se pode esperar um movimento natural de crescimento como resultado das boas notas dos anos iniciais. "Se não tiver políticas específicas para essa etapa, [ela vai acabar] barrando crescimento do fundamental 1", diz.
O que é o Ideb
O Ideb mede a qualidade da educação no Brasil por meio da combinação do nível de conhecimento dos estudantes com a porcentagem de aprovação dos alunos. Ele é calculado e divulgado a cada dois anos.
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