Reitora reconhece problema e aponta histórico de falta de investimento
A reitora eleita da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), Ana Dantas, atual vice-reitora, afirmou que reconhece os problemas apresentados pelos alunos que ocupam a reitoria da universidade, mas atribuiu grande parte deles ao que chamou de “passivo histórico”.
“Eles têm toda a razão (ao apontar as falhas). Temos um passivo histórico, em todas as universidades brasileiras, de falta de investimentos em infraestrutura. Durante anos a fio, nós não tínhamos recursos suficientes para investir em equipamentos e edificações. E também não tínhamos como contratar professores. É isso o que a gente chama de passivo”, argumentou a professora. “Ainda não conseguimos recuperá-lo, mas continuamos a brigar por ele”, garantiu.
Dantas, que foi vice-reitora nos dois mandatos do antecessor, o professor Ricardo Motta Miranda, disse também que as verbas oriundas do Reuni vieram direcionadas para expandir as instituições, trazendo mais estudantes para o ensino superior. “Hoje, cerca de 60% dos estudantes da Rural são oriundos de escolas públicas”, disse.
No caso da UFRRJ, a fase de expansão começou a ser planejada em 2005 e começou a ser colocada em prática no ano seguinte. “Já o Reuni foi adotado em 2009 e passou o ano inteiro sendo discutido internamente, até que começássemos a implantar os novos cursos, em 2010”, explicou Dantas.
Foram criados 23 novos cursos de graduação presenciais, que se somaram aos 22 já existentes, e dois de educação a distância. Já o número de cursos de pós-graduação cresceu de 17 para 36.
O corpo discente saltou de 7.140 estudantes, em 2005, para 11.728 no ano letivo de 2012, sem contar com os 4.532 alunos dos novos cursos a distância. A quantidade de professores aumentou de 624 para 1048 – número que deve crescer ainda mais, segundo a reitora eleita. “O mote da nossa gestão será consolidar a expansão com qualidade”, resumiu a professora, que trabalha na universidade desde 1978.
Redes insuficientes de luz e água
Alguns dos problemas listados pelos alunos derivam da precariedade nas redes de eletricidade, água e esgoto. Segundo Dantas, o campus de Seropédica é antigo – foi inaugurado em 1948 – e os sistemas também. Por conta do crescimento no número de usuários e de edificações, as redes já não estão suportando. “Há fiações elétricas que ainda são envolvidas por pano”, revelou a futura reitora.
Ela informou que as concessionárias já foram contatadas para discutir uma solução para os problemas. “Estamos tentando acordos com a Light (luz) e a Cedae (água e esgoto). Somos bons pagadores e temos contas altas. Só nossa conta mensal de eletricidade gira em torno de R$ 4 milhões”, ilustrou o antigo pro-reitor de finanças e futuro vice-reitor, Eduardo Callado.
Um exemplo dá mostras da gravidade do problema. Há mais de um ano, aparelhos de ar-condicionado foram comprados para equipar todas as salas do Instituto de Tecnologia, mas a rede elétrica não suporta a instalação dos equipamentos e os alunos e professores ainda têm que se contentar com ventiladores, Enquanto isso os equipamentos ficam guardados e perdem a garantia sem serem utilizados.
Obras
Sobre os problemas nas obras dos três campi da UFRRJ, ela diz que as empresas vencedoras das licitações em alguns casos abandonaram os canteiros ou faliram. Em outros, como no do parque aquático, que já entrou em licitação, faltaram empresas com as qualificações necessárias ou que estivessem interessadas em participar dos processos licitatórios.
No terreno onde será construída uma nova unidade do Restaurante Universitário – o antigo foi ampliado, mas já não está dando conta da demanda -, o mato cresce sem controle e quase não se veem as vigas fincadas no solo, únicos vestígios de que ali foi iniciada uma obra. Orçada em R$ 6 milhões, ela foi abandonada pela empresa que havia vencido a licitação, obrigando a abertura de um novo e demorado processo neste ano.
“Só a licitação às vezes dura seis meses”, explica o professor Callado. “Muitas vezes as empresas entram na Justiça e atrasam ainda mais o processo.”
A construção de um anexo à Biblioteca Central da universidade, por exemplo, foi iniciada há mais de oito anos, na segunda gestão do ex-reitor José Antônio Souza Veiga, que terminou em 2005. A obra já passou por diversas construtoras e teve que ser completamente reiniciada porque passou muito tempo parada e se deteriorou. A previsão de término atual é para julho deste ano.
A futura reitora garantiu também que há previsão de ampliação de vagas para alojamento feminino.
Segurança no campus
Problema que afeta alunos e professores, a falta de segurança no campus de Seropédica é considerada pela futura reitora uma questão crônica e séria. “A Baixada Fluminense em geral está mais violenta. O número de assaltos no município aumentou assustadoramente nos últimos tempos”, alertou.
“Já solicitamos apoio da Polícia Militar, mas infelizmente somos todos reféns”, declarou Dantas. Ela afirmou que a universidade não tem como contratar mais vigilantes porque este cargo foi extinto. “Não podemos repor o nosso quadro.”
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