Aluno defende docente que citou Valesca e responde a críticos com filosofia
Desde terça-feira (8), professores de filosofia compartilham no Facebook o texto de um aluno de ensino médio. Na postagem, o jovem de 18 anos defende o docente que usou em uma prova a música "Beijinho no Ombro", da funkeira Valesca Popozuda, e usa os conceitos aprendidos na aula para responder aos críticos.
"O público, controlado pela mídia, tende a ver somente o que é exposto e julgar indiscriminadamente sem antes avaliar a situação como um todo", afirma o estudante, que um pouco à frente cita um dilema moral proposto pelo psicólogo Lawrence Kohlberg para analisar a repercussão do caso.
Adultos deveriam perceber que o conteúdo da prova está no meio de um conflito entre ética profissional e o direito que cada pessoa tem de exercer a própria vida, comenta Gabriel, que recorreu ao material didático para escrever seu texto.
"Criticando atrás de uma tela de computador, usando de argumentos incoerentes, palavras ofensivas e tudo o mais. Acham mesmo que pessoas nesse nível são capacitadas pra julgar a ética e moral dos outros?", afirma o aluno do Centro de Ensino Médio 03 Taguatinga.
Repercussão desproporcional
O caso ficou conhecido na terça-feira (8), quando o trecho da prova que chama Valesca Popozuda de grande pensadora contemporânea apareceu em portais de notícias e jornais de todo o país --inclusive aqui no UOL. Gabriel Guilherme Magalhães explica que ao ver todas as críticas feitas ao professor decidiu sair em sua defesa.
No último ano do ensino médio, o estudante conta que riu muito quando viu a questão, mas que o professor é conhecido por dar aulas descontraídas e adotar exemplos do cotidiano dos alunos para levantar debates, o que considera interessante.
O professor Antônio Kubitschek teve de parar seu dia para atender a jornalistas na terça (8). Ele disse que esperava alguma repercussão na imprensa quando fez a prova, mas não imaginava o tamanho que isso teria. "A questão da música só gerou polêmica porque coloca a Valesca como grande pensadora contemporânea. A imprensa viu um lado negativo na prova e viu a oportunidade de criar um sensacionalismo", afirmou.
Depois da repercussão, Gabriel comentou que a pergunta virou tema de debate entre os alunos nas redes sociais e que os colegas estão ansiosos para a próxima aula com o professor, que "vai usar na aula, com certeza".
Beijinho no ombro
Bem articulado e mostrando que o estudante aprendeu o conteúdo passado na escola pública, o texto foi compartilhado por professores de filosofia da USP (Universidade de São Paulo) e da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), entre outras universidades.
Os observadores elogiam o professor e o aluno por despertarem o debate. Gabriel, que gosta de escrever e quer estudar design gráfico no futuro, agradece a atenção e manda um "beijinho no ombro para o recalque passar longe".
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