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Professores trocam chocolate por sala de aula limpa em escola pública de SP

Professor Pedro Usai (de camiseta branca) e alguns alunos que participaram do projeto - Divulgação
Professor Pedro Usai (de camiseta branca) e alguns alunos que participaram do projeto Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

17/04/2014 05h55

Manter as salas de aulas limpas e organizadas se tornou mais uma lição para os alunos da escola estadual Roberto Amaury Galliera, em Morrinhos, no Guarujá (SP).  

A ideia partiu do professor de história Pedro Usai, 32.

Logo no começo do ano letivo de 2014, ele propôs aos estudantes uma competição: a turma que garantisse a classe mais limpa -- sem sujeiras no chão, rabiscos nas paredes ou sem pichações nas carteiras -- venceria!

Os alunos abraçaram a ideia. As cinco primeiras salas no "ranking da limpeza" serão premiadas na próxima semana com sessões de cinema, com direito a pipoca e refrigerante. A turma que ocupar o primeiro lugar ainda receberá uma cesta com chocolates. O "patrocínio" sai do bolso dos professores. 

A participação dos alunos não é obrigatória, mas o educador afirma que praticamente todos aceitaram participar dessa gincana da limpeza. “O mais bacana do projeto é que aceitação e comprometimento dos alunos. O processo de conscientização está ocorrendo de forma muito positiva. É uma mudança de hábito mesmo.”

Projeto ConservAção da escola estadual Roberto Amaury Galliera, em Morrinhos, no Guarujá (SP) - Divulgação - Divulgação
Ao final de cada aula, os alunos devem colocar as cadeiras em cima das mesas para que os funcionários da limpeza possam varrer a classe mais rápido
Imagem: Divulgação

Todos se sentem melhor

“Numa classe limpa todos se sentem melhor”, explica Usai, idealizador do "Projeto ConservAção". Para ele, a iniciativa faz com que os alunos fiquem mais motivados e ajudem a cuidar do patrimônio da escola.

"O problema da sujeira e depredação é muito comum. Isso acaba prejudicando o desempenho dos estudantes. Toda escola tem pessoas [profissionais] que limpam, mas os alunos não mantêm e aí começa a pichação nas carteiras, sujeira. Pensando nisso, propus a competição", diz.

A escola estadual tem 26% dos alunos do 9º ano com aprendizado adequado em língua portuguesa e 11% dos alunos com aprendizado adequado em matemática, segundo dados da plataforma QEdu, que possibilita a consulta de dados de escolas de todo o país com base nos dados da Prova Brasil, que avalia a qualidade do ensino oferecido pelo sistema público.

A escola estadual Roberto Amaury Galliera possui 1.700 alunos matriculados e atende os ensinos fundamental, médio e de jovens e adultos. Eles estão distribuídos em 16 salas de aula.

Como funciona a competição

Ao final de cada turno (manhã, tarde e noite) os funcionários da limpeza que atuam na escola passam de sala em sala verificando seu estado. De acordo com o grau de organização, as salas vão somando pontos de 1 a 5. As três turmas que contabilizarem mais pontos vencem a competição e recebem prêmios. O desafio será realizado a cada bimestre escolar e todas as classes competem entre si por períodos.

O educador destaca que os alunos estão tão envolvidos com a competição, que muitos cobram os colegas para que eles ajudem a deixar a sala limpa. “Essa simples iniciativa tem economizado o tempo dos funcionários da limpeza. Na troca de turno, por exemplo, entre a manhã e tarde eles têm só 40 minutos para deixar todas as salas organizadas. Com a ajuda dos alunos, eles agora podem trabalhar nas outras dependências da escola.”