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Enem 2016: 3 a cada 10 inscritos faltaram na prova

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

06/11/2016 20h27

A abstenção dos candidatos inscritos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2016 foi de 30%. Ou seja, 3 a cada 10 inscritos deixaram de comparecer aos seus locais de prova.

No total, 2.507.596 inscritos não compareceram aos locais de prova na edição deste ano do Enem. O cálculo foi feito levando em consideração apenas os candidatos que deveriam fazer a prova neste fim de semana --não foram considerados os candidatos que, por conta de ocupações nos locais de prova, farão o Enem nos dias 3 e 4 de dezembro. A taxa aumentou 2,4 pontos percentuais em relação a 2015, quando a abstenção ficou em 27,6%.

Os dados foram informados pela presidente do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais Anísio Teixeira), Maria Inês Fini, no começo da noite deste domingo (6).

A secretária-executiva do MEC, Maria Helena Guimarães de Castro, minimizou o aumento do índice de abstenção da edição deste ano do Enem e disse que ele estaria dentro da “margem de erro”.

“Qualquer pessoa nesta sala que conheça estatística sabe que 3% abaixo ou 3% acima está dentro da margem de erro. O que estamos falando está dentro de qualquer margem de erro de qualquer pesquisa, de qualquer jornal”, disse Maria Helena comparando o índice de abstenção do Enem com pesquisas de opinião.

Operações da PF

O delegado da Polícia Federal Franco Perazzoni, que também participou da entrevista coletiva realizada no Inep, disse que, ao todo, pelo menos 11 prisões foram confirmadas como resultado das duas operações deflagradas neste domingo pela PF para combater fraudes ao Enem

As duas operações foram realizadas em Minas Gerais e em outros sete Estados: Amapá, Pará, Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e Tocantins. Em Minas Gerais, a PF conseguiu prender pessoas que utilizavam escutas auriculares que precisaram ser retiradas dos ouvidos dos fraudadores com pinças. Os candidatos, segundo a PF, receberiam informações sobre as respostas da prova por meio dessas escutas.

O delegado Franco disse que os equipamentos eram tão pequenos que não chegaram a ser identificados por detectores de metal. Nas regiões norte e nordeste, o esquema, segundo Perazzoni, ainda está sendo investigado. Nesse caso, o modelo utilizado seria o de “pilotos”, esquema em que uma pessoa especialista em uma determinada área de conhecimento se inscreveria no exame, faria as provas e transmitiria as respostas para uma central, que repassaria as respostas aos candidatos que pagaram pelo “serviço”. Perazzoni disse que a quadrilha investigada no nordeste do país é suspeita de ter fraudado outras edições do Enem.

Perazzoni ainda destacou que, com a continuidade das investigações pela PF, há a possibilidade de outros candidatos ainda serem eliminados da edição 2016 do Enem --como o exame funciona com base na TRI (Teoria de Resposta ao Item), notas semelhantes obtidas por diferentes candidatos podem ser um forte indicativo de fraude.

Ocupações

Questionado sobre o impacto das ocupações de escolas em todo o Brasil realização do Enem, Mendonça Filho disse respeitar as reivindicações feitas por estudantes, mas criticou as invasões.

“Sempre nos colocamos abertos ao diálogo, agora, evidentemente, o Estado brasileiro tem que ter o princípio de que todos têm o direito de protestar, esse é um direito consagrado [...] mas o direito ao protesto se encerra quando se inicia um outro direito de alguém”, afirmou o ministro da Educação, Mendonça Filho.

Pelo menos 271 mil candidatos e candidatos deixaram de fazer o Enem neste final de semana porque os locais de prova onde o exame seria realizado estavam ocupados por estudantes que protestam contra a MP (medida provisória) do ensino médio e a PEC (proposta de emenda à Constituição) 241, que prevê a implantação de um teto de gastos para o governo federal.

Mendonça Filho disse acreditar que o movimento de ocupações a escolas em todo o Brasil tende a diminuir.

“Essa coisa [as ocupações] agora vai começar a diminuir. O diálogo está aberto. Vamos continuar conversando e a grande maioria aprova”, disse Mendonça referindo-se a uma pesquisa encomendada pelo MEC sobre a aprovação entre estudantes da MP que prevê a reforma do ensino médio. Ele disse que os dados da pesquisa deverão ser divulgados ao longo desta semana.