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"Meus amigos de escola pública saíram frustrados", diz ex-aluna de ocupação

Da esq. para a dir., Antonio de Assis, 17, Adriana Freitas, 16, e Diana Suarez, 15 - Bruno Santos/UOL
Da esq. para a dir., Antonio de Assis, 17, Adriana Freitas, 16, e Diana Suarez, 15 Imagem: Bruno Santos/UOL

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

06/11/2016 13h13

Estudantes secundaristas que atuaram nas ocupações escolares contra a reorganização do ensino em São Paulo, em 2015, disseram neste domingo (6) ter levado uma espécie de "choque de realidade" com o primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), no último sábado (5). 

O choque em questão foi com o que eles avaliaram como a disparidade entre a qualidade do ensino das escolas públicas e particulares.

"Eu tinha noção da diferença entre as duas escolas, mas ontem, com a prova, ficou muito clara essa percepção. Tenho amigos de escola particular que acharam as questões fáceis. Eu e vários outros companheiros de escola pública saímos com dor de cabeça. Eu não sabia, aliás, nem onde colocar minha cabeça ao deixar o exame", observou Antônio de Assis, 17, aluno do segundo ano do ensino médio.

Amiga dele, a também aluna de 2º ano em escola pública Adriana Freitas, 16, concordou com Antônio. "Seria cômica, se não fosse trágica, a diferença entre os dois tipos de escola", disse. 

"Eu e muitos amigos meus do ensino público saímos frustrados ou achando que a culpa por ter dificuldades seria nossa. Não tivemos uma base decente para concorrer. Não tenho a menor dúvida disso", avaliou.

Amiga dos dois estudantes, Diana Suarez, 15, aluna de escola particular, disse pensar da mesma forma. "Reconheço que nem é meu esse espaço de fala sobre a disparidade do ensino, mas me sinto frustrada junto com eles por essa percepção", afirmou, ela que disse ter participado também de ocupações ano passado.

Os amigos disseram ter a expectativa de que as ocupações escolares sejam tema da redação hoje. "Seria uma ótima oportunidade de a sociedade prestar atenção ao tema", opinou Antônio. "Eu só teria medo mesmo é dos discursos de ódio, mas aí, azar de quem adotá-los, porque poderá ter a redação zerada", completou Adriana.