Para uma boa redação no Enem 2016, professores sugerem deixar a fé de lado
Os candidatos que fizeram a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (6) tiveram que elaborar uma redação cujo tema foi "caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". Na avaliação de professores ouvidos pelo UOL, o exame acertou na escolha do tema.
- Intolerância religiosa vira tema da redação e de memes no 2º dia do Enem
- Veja todos os temas de redação já cobrados no Enem
“O Brasil sempre se orgulhou de conviver bem com a diversidade, de ser miscigenado. Mas, quando vemos que esse fenômeno [da intolerância religiosa] já vem de algum tempo, é assustador. Por isso, o tema é bastante pertinente”, afirmou a professora Maria Aparecida Custódio, do laboratório de redação do Curso e Colégio Objetivo.
A própria fé x diversidade de crenças
Os professores foram unânimes ao indicar os cuidados que os candidatos deveriam ter ao escrever a redação: os argumentos do texto precisam estar acima da própria crença; as soluções precisam levar em conta a diversidade de religiões; lembrar que o Estado brasileiro é laico, ou seja, não está relacionado a nenhuma religião.
“Para fazer uma boa redação, o candidato precisava saber dividir as coisas. A objetividade que a argumentação exige é diferente daquilo que ele aprendeu na igreja, na sua família”, explicou Flávio Melo, professor de redação do Sistema Ari de Sá.
Thiago Braga, coordenador de redação do colégio pH e autor do sistema pH, concorda. Segundo ele, é fundamental que o candidato respeite a diversidade de crenças existentes no Brasil, independentemente se ele concorda.
“A liberdade religiosa é garantida pela Constituição, e qualquer ato que a desrespeite acaba sendo um desrespeito à própria democracia e à sociedade brasileira”, afirmou Braga. “Citar o Estado democrático e o princípio da alteridade [condição do que é do outro, do que é distinto] seria estratégico para argumentar em favor do respeito e da tolerância.”
Outra boa estratégia na proposta de intervenção do tema, na opinião da professora Custódio, seria usar, por exemplo, a escola como um espaço de diversidade, racial, ideológica e religiosa.
“O candidato poderia também sugerir que o Poder Legislativo tornasse as leis mais rígidas quanto a qualquer manifestação de violência por conta de diferentes religiões”, complementou. "De qualquer forma, era importante que ele não defendesse uma religião em detrimento de outra."
Como é a redação do Enem?
A prova de redação apresenta uma situação-problema e, a partir dela, o candidato deve construir um texto argumentativo de, no máximo, 30 linhas.
O participante deve, obrigatoriamente, apresentar uma proposta de intervenção, ou seja, ideia de solução para a proposta que respeite os direitos humanos.
Os candidatos precisam se dividir durante as cinco horas e meia para fazer o texto e responder a 90 questões de matemática e linguagens.
Não se esqueça de que a partir das 19h, o UOL terá o gabarito extraoficial e a correção comentada pelos professores do Curso e Colégio Objetivo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.