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Para uma boa redação no Enem 2016, professores sugerem deixar a fé de lado

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

06/11/2016 17h28Atualizada em 06/11/2016 18h03

Os candidatos que fizeram a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) neste domingo (6) tiveram que elaborar uma redação cujo tema foi "caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil". Na avaliação de professores ouvidos pelo UOL, o exame acertou na escolha do tema.

“O Brasil sempre se orgulhou de conviver bem com a diversidade, de ser miscigenado. Mas, quando vemos que esse fenômeno [da intolerância religiosa] já vem de algum tempo, é assustador. Por isso, o tema é bastante pertinente”, afirmou a professora Maria Aparecida Custódio, do laboratório de redação do Curso e Colégio Objetivo.

A própria fé x diversidade de crenças

Os professores foram unânimes ao indicar os cuidados que os candidatos deveriam ter ao escrever a redação: os argumentos do texto precisam estar acima da própria crença; as soluções precisam levar em conta a diversidade de religiões; lembrar que o Estado brasileiro é laico, ou seja, não está relacionado a nenhuma religião.

“Para fazer uma boa redação, o candidato precisava saber dividir as coisas. A objetividade que a argumentação exige é diferente daquilo que ele aprendeu na igreja, na sua família”, explicou Flávio Melo, professor de redação do Sistema Ari de Sá.

Thiago Braga, coordenador de redação do colégio pH e autor do sistema pH, concorda. Segundo ele, é fundamental que o candidato respeite a diversidade de crenças existentes no Brasil, independentemente se ele concorda.

“A liberdade religiosa é garantida pela Constituição, e qualquer ato que a desrespeite acaba sendo um desrespeito à própria democracia e à sociedade brasileira”, afirmou Braga. “Citar o Estado democrático e o princípio da alteridade [condição do que é do outro, do que é distinto] seria estratégico para argumentar em favor do respeito e da tolerância.”

Outra boa estratégia na proposta de intervenção do tema, na opinião da professora Custódio, seria usar, por exemplo, a escola como um espaço de diversidade, racial, ideológica e religiosa. 

“O candidato poderia também sugerir que o Poder Legislativo tornasse as leis mais rígidas quanto a qualquer manifestação de violência por conta de diferentes religiões”, complementou. "De qualquer forma, era importante que ele não defendesse uma religião em detrimento de outra."

Como é a redação do Enem?

A prova de redação apresenta uma situação-problema e, a partir dela, o candidato deve construir um texto argumentativo de, no máximo, 30 linhas.

O participante deve, obrigatoriamente, apresentar uma proposta de intervenção, ou seja, ideia de solução para a proposta que respeite os direitos humanos.

Os candidatos precisam se dividir durante as cinco horas e meia para fazer o texto e responder a 90 questões de matemática e linguagens.

Não se esqueça de que a partir das 19h, o UOL terá o gabarito extraoficial e a correção comentada pelos professores do Curso e Colégio Objetivo.