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Dez universidades brasileiras deixam ranking das mil melhores; 4 entram

Vista da Praça do Relógio, na Cidade Universitária da USP, em São Paulo - Divulgação
Vista da Praça do Relógio, na Cidade Universitária da USP, em São Paulo Imagem: Divulgação

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

05/09/2017 10h01Atualizada em 06/09/2017 10h03

Caiu de 27 para 21 o número de universidades brasileiras entre as mil melhores do mundo. A avaliação é de um dos principais rankings universitários internacionais, o Times Higher Education, divulgado nesta terça (5).

Das 27 universidades presentes na lista anterior, 10 sumiram do ranking: 8 federais e 2 estaduais. Como 4 novas instituições brasileiras entraram na lista, o Brasil acabou perdendo 6 postos no total.

Saíram do top 1.000 a UFPR (Universidade Federal do Paraná), UFBA (Universidade Federal da Bahia), UFG (Universidade Federal de Goiás), UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), UFLA (Universidade Federal de Lavras), UFV (Universidade Federal de Viçosa), UFF (Universidade Federal Fluminense), UEL (Universidade Estadual de Londrina) e UEM (Universidade Estadual de Maringá).

Já a Unifei (Universidade Federal de Itajubá), UnB (Universidade de Brasília), UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e a UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) são as quatro universidades que entram no ranking pela primeira vez. Apenas a Unifei entra na faixa de 601º a 800º, enquanto as outras três estão na faixa final --de 801º a 1.000º. A classificação é feita em grupos a partir da posição 200.

O Times Higher Education é uma publicação britânica, considerada uma das principais avaliações educacionais do mundo todo, que analisa universidades desde 2011.

Crise nas federais

Para Phil Baty, diretor editorial de rankings globais do Times Higher Education, é “decepcionante” a diminuição da participação do Brasil nas principais universidades globais. “Os resultados refletem a crescente pressão que as universidades do país sofrem durante a crise econômica e a crescente concorrência global no setor”, afirma.

As universidades federais têm sofrido, de fato, com cortes no repasse de verbas. Em três anos, o orçamento para manutenção e investimento dessas instituições caiu R$ 3,4 bilhões, passando de R$ 10,7 bilhões em 2014 para R$ 7,3 bilhões este ano.

Especialistas apontam, por outro lado, que a crise também é consequência de falta de controle na expansão do sistema federal de ensino.

“O Brasil precisará garantir que continue investindo no ensino superior e liberte suas instituições de burocracia desnecessária se quiser se tornar um participante global de educação superior”, ressalta Baty.

Procurado pelo UOL para comentar o resultado das universidades federais, o MEC (Ministério da Educação) afirmou que ainda não teve acesso ao estudo e que prefere não se posicionar enquanto não puder analisá-lo.

Vista aérea do campus da Unicamp, em Campinas - Unicamp - Unicamp
Vista aérea do campus da Unicamp, em Campinas
Imagem: Unicamp

USP à frente da Unicamp

Na avaliação internacional, a USP continua sendo considerada como a melhor do Brasil. Tanto ela como a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que aparece como a segunda melhor do país, estacionaram em suas posições no ranking, permanecendo nas faixas 251-300 e 401-500, respectivamente.

Em um recorte específico que avaliou apenas instituições da América Latina, divulgado em julho, o Times Higher Education inverteu as posições e considerou a Unicamp como a melhor da região

Ambos os rankings consideram os mesmos critérios --ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento. A análise regional dá pesos diferentes para os três primeiros critérios, diferentemente do mundial.

Alavancada por uma pontuação maior em citações e transferência de conhecimento, portanto, a nota final da Unicamp foi maior que a da USP na análise regional, mas o feito não foi repetido na avaliação global.

América Latina

Baty afirma que a América Latina "sofreu" nesta edição do ranking mundial. Além do Brasil, países como México, Chile e Colômbia tiveram universidades que deixaram a lista. 

"Embora existam sinais de melhoria em algumas instituições, o quadro geral para a América Latina é de declínio", diz.

Para ele, as universidades latino-americanas sofrem de problemas de financiamento e burocracia excessiva. "Há sinais de que isso está alimentando uma fuga de cérebros de estudiosos da região", complementa.

Melhores do mundo

No ranking mundial, estão no topo da lista duas instituições do Reino Unido: a Universidade de Oxford, em 1º, e a Universidade de Cambridge, em 2º.

Mas são os Estados Unidos que dominam o top 10, com 7 universidades entre as melhores. Entre elas, o Instituto de Tecnologia da Califórnia, a Universidade de Stanford e o Instituto de Tecnologia do Massachussetts, o MIT.

O Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, completa a lista das melhores do mundo.