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Inep não atinge meta e tem redução de 27% no número de detectores de metal para o Enem

Presidente do Inep afirmou que o Enem terá 90 mil detectores de metal, mas serão 67 mil - Foto: Marcelo Camargo/ABr
Presidente do Inep afirmou que o Enem terá 90 mil detectores de metal, mas serão 67 mil Imagem: Foto: Marcelo Camargo/ABr

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo*

01/11/2017 19h08

Apesar da expectativa inicial de se aproximar do número do ano passado (92 mil) e contar com 90 mil detectores de metal durante a aplicação das provas do Enem, nos dias 5 e 12 de novembro, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) só terá a sua disposição 67 mil aparelhos para a realização do exame, uma redução de 27% em relação a 2016.

Esses equipamentos são considerados de extrema importância para evitar que candidatos entrem nos locais de prova e nas salas onde o exame será aplicado com celulares, aparelhos de transmissão de dados e pontos eletrônicos, prevenindo assim a ocorrência de fraudes.

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Em entrevista concedida ao UOL na última sexta-feira (26), Maria Inês Fini, presidente do Inep, declarou que seriam alugados 51 mil detectores de metal do Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos), membro do consórcio que até o ano passado aplicava as provas do Enem.

Ela disse ainda que outros 39 mil seriam fornecidos pelo consórcio atual, composto pela Fundação Cesgranrio, a Vunesp (Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista) e a FGV (Fundação Getúlio Vargas), atingindo 90 mil equipamentos no total – “exatamente o mesmo número do ano passado”, afirmou Fini.

O contrato firmado com o Cebraspe, no entanto, prevê o aluguel de apenas 35 mil detectores. Outros 32 mil serão disponibilizados pelo consórcio que vai aplicar o Enem este ano. Eles já tinham 29 mil e adquiriram mais três mil recentemente para serem usados no Enem.

Marina Inês Fini repetiu novamente nesta quarta-feira (1º), durante coletiva em Brasília, que o total seria de 90 mil aparelhos.

“As empresas consorciadas [que vão aplicar o exame este ano] têm 29 mil [detectores de metais]. Nós precisamos alugar do Cebraspe os restantes para que a gente tivesse os 90 mil necessários para a aplicação deste Enem”, afirmou Fini a jornalistas nesta quarta.

Porém, questionada pelo UOL, a assessoria de imprensa do Inep reconheceu que a presidente se equivocou ao falar os números. Ou seja, ao todo serão 67 mil detectores de metal, e não 90 mil, colocados na entrada e saída dos banheiros dos 12.416 locais de prova espalhados por todo o país.

Para o Inep, menos é mais

Embora o número de detectores de metal seja consideravelmente menor do que o usado no exame no ano passado, o Inep afirma que, proporcionalmente, há mais detectores por número de participantes. Segundo a autarquia, o Enem 2017 terá um detector de metal para cada 100 alunos. Em 2016, a relação era de 110 por detector.

Vale lembrar que, de um ano para outro, houve uma queda brusca de candidatos inscritos: de 9,2 milhões em 2016 para 6,7 milhões neste ano. Na avaliação do Inep, a redução se deveu ao fim do uso do Enem para certificação do ensino médio.

“O que nós demonstramos aqui é que proporcionalmente ao número de participantes temos até um número maior de detectores [na edição deste ano]”, afirmou Eunice Santos, diretora de Gestão e Planejamento do Inep. Segundo ela, os 90 mil mencionados por Fini eram uma “estimativa”.

Cada detector de metal alugado custa R$ 20 ao Inep, o que significa que a autarquia vai desembolsar R$ 700 mil. “Nós temos 67 mil detectores à disposição do Enem. Desses, uma parte foi locação.  Esses valores já estavam na nossa planilha de custos no item segurança, por isso não houve aumento nesse valor per capita que nós apresentamos”, esclareceu.

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Queda de braço entre Inep e Cebraspe

Por causa dos detectores de metal, o Inep enfrenta uma disputa judicial com o Cebraspe. Até o ano passado, o centro era um dos responsáveis pela aplicação do exame em todo o país. “O Cebraspe por um contrato anterior era o guardador desses detectores de metais que o Inep julga ser o proprietário”, explicou Fini.

O imbróglio começou em julho deste ano, quando o Inep encaminhou ao Cebraspe um ofício pedindo para que o centro entregasse 81.376 detectores de metal ao Instituto. O Cebraspe disse que a posse dos equipamentos era dele e entrou com um processo na Justiça Federal do Distrito Federal. Uma liminar desobrigou o centro a entregar os detectores.

O Inep entrou com um pedido de reconsideração, que foi negado pela juíza federal Diana Maria Wanderlei da Silva. O assunto já foi parar na segunda instância, ou seja, no TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), mas por enquanto, os aparelhos são do Cebraspe.

“Essa é uma questão superada. Nós fizemos um contrato administrativo e alugamos esses detectores para não faltarem na aplicação deste ano. Então, nós temos exatamente o mesmo número que tínhamos no ano passado”, minimizou a presidente do Inep a jornalistas.

PROVA: Neste domingo (5), ao final da prova do Enem, o UOL transmitirá ao vivo um debate entre professores do Curso Objetivo sobre o tema da redação e as questões de linguagens e ciências humanas. Acompanhe também no UOL a divulgação do gabarito extraoficial da prova e a correção online comentada das 90 perguntas do primeiro dia do exame.

* Colaboraram Ana Carla Bermúdez, do UOL, em São Paulo, e Luciana Amaral, do UOL, em Brasília