Protesto em SP usa cartazes para falar de lagosta, Suzano e professores
Bernardo Barbosa e Luciana Quierati
Do UOL, em São Paulo
16/05/2019 04h00
O protesto de ontem em São Paulo contra o congelamento de verbas nas universidades federais teve bandeiras e faixas de sindicatos, movimentos estudantis e, em menor número, partidos. Mas o que predominou nas mãos dos participantes foram os cartazes com frases contra os cortes e o governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Em cartolinas, folhas de papel ofício ou em pedaços de papelão, com letras impressas ou escritas a mão, muitos improvisadamente, os manifestantes deram seus recados individualmente ou em grupo. Grande parte dizia respeito diretamente ao contingenciamento de verba, mas também houve espaço para protestos diretos contra Bolsonaro e aliados.
Muitos cartazes traziam frases diretas em defesa da educação, como "Educação não é mercadoria", "Ele não vai destruir a nossa educação" e "Contra o desmonte da educação". "O medo daqueles que te exploram é te ver pensando", empunhou uma professora.
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Outros relacionavam o tema a privilégios, como "Devolva minha bolsa, corte a sua lagosta" --uma alusão à licitação do STF (Supremo Tribunal Federal) para a compra do alimento.
Alguns manifestantes apostaram no humor e na ironia, com dizeres como "Sem tempo para cortes de verbas, irmão" e "Se você acha que a educação é cara, experimente a ignorância".
Em outra vertente, os cartazes miravam diretamente Bolsonaro e apoiadores. Pediam "Mais ciência, menos 'mitos'" --uma alusão ao apelido dado a Bolsonaro por seus apoiadores-- ou diziam que "Sem educação, já basta o presidente".
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, e uma gafe sua --chamou o escritor Franz Kafka de "kafta"-- também foi alvo. "Estudamos filosofia, sociologia e história para não confundir Kafka com kafta", dizia um cartaz. Sobrou também para o escritor Olavo de Carvalho, cujas aulas online fazem a cabeça de bolsonaristas: "Cabeça vazia é oficina do Olavo".
Houve espaço também para dizer que "Suzano jamais será esquecida", em referência ao massacre ocorrido em março na região metropolitana de São Paulo e deixou sete mortos. Outros relembraram ainda Marielle Franco, vereadora assassinada há um ano no Rio de Janeiro.
Perto da avenida Brigadeiro Luiz Antônio, três meninas de dez anos, sob a vista das mães, combinavam frases e as pronunciavam aos pulos e com cartazes nas mãos. "O professor é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo" era uma delas. "As meninas vão salvar o Brasil", elas ouviram de manifestantes que passavam e que paravam parabenizá-las e tirar fotos.