Topo

Crise na educação: Greve de seguranças deixa alunos sem aulas na UFBA

15.mai.2019 - Manifestantes fazem ato de repúdio contingenciamento das verbas da educação pública, realizado em frente ao Campus da Reitoria da UFBA  - Mauricia Da Matta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
15.mai.2019 - Manifestantes fazem ato de repúdio contingenciamento das verbas da educação pública, realizado em frente ao Campus da Reitoria da UFBA Imagem: Mauricia Da Matta/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Alexandre Santos

Colaboração para o UOL, em Salvador

29/08/2019 15h24Atualizada em 29/08/2019 17h40

Estudantes do turno da noite da UFBA (Universidade Federal da Bahia), em Salvador, ficaram sem aulas após cerca de 380 vigilantes que prestam segurança à instituição entrarem em greve. O movimento, decretado em assembleia na manhã da última terça-feira (27), reivindica o pagamento de uma dívida de R$ 15 milhões que a universidade acumula com o Grupo MAP, responsável pela terceirização do serviço. A empresa diz que o valor é referente a 12 meses de atraso.

Em uma assembleia extraordinária realizada hoje, o Sindvigilantes decidiu pôr fim à greve e orientou que os profissionais retornem imediatamente às suas funções. "Diante da garantia que a MAP recuou do pedido de suspensão do contrato com a UFBA, resolvemos parar o movimento paredista. Até então, o fim do contrato representava uma ameaça de desemprego. Quem está no plantão de hoje agora voltará a trabalhar normalmente", disse na tarde de hoje Antonio Cláudio Silva, secretário-geral da entidade.

Alunos ouvidos pelo UOL relataram que, embora o movimento grevista tenha sido oficializado somente agora, as atividades acadêmicas estão prejudicadas há pelo menos uma semana, já que os profissionais de segurança começaram a deixar seus postos de trabalho no último dia 21. Pela manhã, as aulas acontecem normalmente.

Em um comunicado divulgado em seu site, a UFBA diz que mantém tratativas com o MEC (Ministério da Educação) para tentar a liberação total de orçamento recentemente bloqueado pelo governo —cerca de R$ 55,9 milhões, dos R$ 175,6 milhões previstos para 2019. "É amplamente sabido que o contingenciamento de recursos e o bloqueio de 30% o orçamento da universidade pelo governo federal afetam diretamente a vida dos membros da comunidade universitária, entre eles os trabalhadores terceirizados", diz no texto.

A instituição também afirma ter adiantado R$ 2,1 milhões para cobrir parte da dívida. A empresa nega ter recebido o referido valor. Segundo a MAP, até o momento, apenas R$ 670 mil foram creditados em sua conta.

MEC: liberação dependerá de evolução econômica

Procurado pela reportagem, o MEC respondeu que uma eventual liberação de recursos dependerá da "evolução positiva" nos indicadores fiscais do governo.

"Na expectativa de uma evolução positiva nos indicadores fiscais do governo, o MEC vem articulando com o Ministério da Economia a possibilidade de ampliação dos limites de empenho e movimentação financeira a fim de cumprir todas as metas estabelecidas na legislação para a Pasta. Caso o cenário econômico apresente evolução positiva neste segundo semestre, os valores bloqueados serão reavaliados", informou a pasta.

Em entrevista ao UOL, Sisnandro Lima, diretor do Grupo MAP, disse que o valor depositado na conta da empresa (R$ 670 mil) representa apenas 4% da dívida total. "Ontem me prometeram R$ 1.470 milhão, mas não me mostraram ordem de pagamento, ou seja, não confirmo nenhum pagamento", afirmou ele, que disse ter entrado com o pedido de quebra de contrato em 19 de agosto. "Pra que não haja suspensão do contrato, a UFBA precisa me convencer e apresentar ao menos um planejamento de pagamento. É preciso que se amortize, por exemplo, a dívida correspondente ao mês corrente e se pague a do mês anterior. Se assim for feito, é possível pelo menos fechar um ano de pagamento."

De acordo com Lima, a universidade também prometeu adiantar R$ 2 milhões no início de setembro. "Só acredito depois que vir o valor creditado. Por enquanto, tudo é só promessa", diz.

Apesar da greve, o diretor afirma que a empresa mantém em dia todos os vencimentos dos profissionais. "Nesses 12 meses de atraso, a empresa nunca deixou de pagar salário, transporte e vale-alimentação. A greve foi uma decisão do sindicato dos trabalhadores. Já o pedido de rompimento do contrato é uma decisão comercial da empresa", acrescentou.