Professor fofo que consolou aluna é exemplo no século 21, dizem educadores
O professor que corrigiu o desabafo de uma aluna em uma prova de matemática é o tipo de educador que deve servir de exemplo às escolas brasileiras no século 21. A opinião é de educadores que comentaram a repercussão causada pelo compartilhamento do trecho de uma prova em uma rede social.
Embora a garota tenha acertado a questão, ela mostrou desconfiança sobre a resposta e escreveu na prova um recado para o professor: "Jorge, eu sou uma decepção em matemática, então não se assusta com o meu zero", escreveu a aluna.
Durante a correção, o professor ajeitou a frase ao riscar algumas palavras e acrescentar outras:
Jorge, eu não sou uma decepção em matemática! Então me ajuda a entender melhor?
Frase da aluna corrigida pelo professor para melhorar sua autoestima
"Além de ter sido humano, esse professor deu uma aula de empatia", avalia a professora Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas). "Ele é um exemplo do tipo de educador que a gente precisa para as escolas no século 21."
Professor de matemática, o gerente de Inteligência Educacional do Sistema de Ensino Poliedro, Fernando da Espiritu Santo, concorda: "Esse caso vem em um momento importante para a nossa educação. É o caminho para este século, porque chegou a hora de humanizar as relações em sala de aula".
"Ter empatia está na Base Nacional Comum Curricular", lembra Costin. "Cometer erros é parte do processo pedagógico e dizer isso com clareza é trabalho do educador."
Ela diz que o tratamento dispensado pelo professor Jorge à aluna "não foi passar a mão na cabeça da menina, mas dizer que ele aposta nela, que ela consegue muito desde que se empenhe. É um comportamento exemplar".
Para Espiritu Santo, se o professor tivesse simplesmente riscado o que a aluna escreveu na prova, o recado teria sido o oposto. "Esse olhar atencioso em reconstruir a frase certamente vai aproximar a aluna do professor. O comum é que alunos se afastem da disciplina em momentos de dificuldade."
A professora da FGV garante que o comportamento de Jorge não estimula a formação de alunos sem comprometimento. "O professor poderia dizer 'você é ótima', mas ele não disse isso.
Elogio fácil não é bom. O que ele fez foi apostar nela.
Cláudia Costin, professora e diretora da FGV
Segundo o gerente, o que se discute no universo educacional é como a inteligência artificial pode corrigir provas e até substituir o professor em sala. "Ao resgatar essa aluna, ele [Jorge] mostrou o papel crucial de um professor no processo de aprendizagem."
Costin concorda: "Se a gente quer formar pessoas em um mundo de máquinas, a gente tem de se diferenciar das máquinas. E empatia é a base para a cidadania nesses tempos de ódio em todo o mundo", disse.
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